Dizem os indicadores que Portugal é o país da União Europeia onde existem mais aparelhos de televisão em cada lar. No entanto, e ao contrário do que pode parecer, semelhante dado indicia uma falta de desenvolvimento que até parece inevitável de tão falada e antiga ser.
É que se por um lado existe o facto de até haver dinheiro para adquirir os aparelhos, pelo outro, a excessiva dependência da televisão, é sintomática da falta de outros hábitos de laser, e de outras exigências culturais, verdadeiras bases do autêntico desenvolvimento.
Os portugueses podem ter um punhado de euros para levarem para casa mais um televisor, mas não os têm para adquirir e manter rotinas que os levem a ver ao vivo coisas novas, a assistir a espectáculos, a comprar livros, a viajar, e a fazer coisas que lhes permitam ter bases culturais e de cidadania sustentáveis.
Por isso a nossa opinião pública não existe, as nossas instituições se afundam, os nossos políticos são cada vez mais de refugo, e também por isso mas não só, o essencial é crescentemente trocado pelo acessório, e o sério pelo foguetório, com o país a caminhar rumo ao lamaçal.
Nos últimos tempos então, os dislates são tantos e o desconchavo é tão grande, que ao acordar quase podemos esperar curiosos pelo acontecimento do dia que mais que certo é vir embrulhado em caricato ou absurdo.
Até parece que algures, seres criativos conjuram para dar á estampa situações susceptíveis de nos fazerem benzer com a mão esquerda, Aqui estou-me a lembrar daquela recente em que uns iluminados repletos de sapiência resolveram preencher os livros escolares da disciplina de Português com imagens e textos alusivos a programa de televisão do mais reles que há, daqueles próprios para embrutecer a alienar o mais comum dos cidadãos.
Vá lá saber-se porquê, uma iluminada Comissão depois de horas e horas de reflexão, por certo, decidiu que os nossos jovens do secundário em vez de lidarem no seu aprender com nomes como Fernando Pessoa, Camões, Eça de Queiroz, e outros, passariam a lidar com personagens como o Zé Maria, o Marco e Marta, tristemente transformados em celebridades ocas.
É a educação no seu pior, que deveria formar de modo a que o tele - - lixo fosse tido como isso mesmo, e fosse evitado e não gostado pelos jovens em formação, que ainda vão pensar que Fernando Pessoa é o presidente da República, e que Camões foi para aí alguém que descobriu a pólvora.
Talvez por isso, temos já jovens como se vê nas praxes, que são danados para a brincadeira como convém, mas não sabem brincar, que só se divertem a grunhir e humilhar outros jovens, e que se sentem importantes na razão inversa da humilhação que fazem os outros sentir.
Voltando aos indicadores, dizem eles ainda que Portugal é o mais atrasado país da União Europeia, e que assim vai continuar a sê-lo por muitos e longos anos. Mas também pudera. Como não o há-de continuar a ser, se a Educação, base sustentável de qualquer desenvolvimento, neste país desde há trinta anos só tem feito tristes figuras ? Como não há-de continuar a sê-lo, se cada vez mais, a Educação e a Formação são dadas não em casa ou na escola, mas pela televisão no seu pior?
Andaram pois muito mal os senhores da dita Comissão, a quem pagamos chorudos proventos. Nem sei o que lhes deu na cabeça, mas se estão convencidos de quem andaram bem, então a coisa é pior do que o que eu imaginava, e a nossa Ensino é cada vem mais uma triste Educação.
Triste educação

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