Ao amigo leitor, que faz o obséquio de ler estas linhas, refastelado no seu belo sofá, à mesa do café, ou mesmo quem sabe, sentado naquele lugar solitário onde todos nos confrontamos com a nossa simples condição animal, e onde os mais valentes impam, e até os reis se agacham, vou pedir o especial favor de reflectir um pouco sobre essa condição comum, imprescindível e inadiável, que é a condição de cidadão.
A cidadania, é exclusiva do ser humano, e não é mais do que um conjunto de regras e princípios adquiridos, adaptados e renovados, que os nossos antepassados sentiram como essenciais logo que desceram das arvores e se organizaram em sociedade, se calhar mais por necessidade do que por gosto.
O acto de ser cidadão, contêm em si um manancial de direitos e deveres que todos nos que queremos ser tidos e achados como Homens Livres, devemos respeitar, exigir e fazer cumprir, na medida exacta e com o mesmo querer, tanto para nós, como para os outros.
Uma família, uma terra, um país, são tanto melhores e completos, quão maior for a capacidade com que os seus membros saibam assumir a sua condição de pais, irmãos, conterrâneos ou cidadãos.
Sê-lo, exige de nós atenção, sacrifício, interesse e altruísmo. E até porque não, um pouco de egoísmo não será de mais, pois no fundo cada um busca o melhor para si, sendo certo no entanto, que é da soma das partes que resulta o todo, e se o individual estiver bem, logo o colectivo o estará também.
Naquilo que de cada um depende, devemos fazer o melhor. Naquilo que dependo dos que escolhemos para a condução dos interesses gerais, devemos ser atentos, exigentes e informados, pois só daqui resultarão opções conscientes, de boa qualidade, e de carácter verdadeiramente livre.
No nosso mundo, contrariamente ao que possa parecer, ser cidadão não é fácil, mas, mais que em qualquer outra época, é impreterível que se o seja plenamente.
Não é fácil, não porque nos impeçam, proíbam ou maltratem se o tentarmos ser. Não, felizmente pelo menos, na margem cá do nosso lado, tal não sucede. Mas também as ilusões são muitas, as cortinas de fumo toldam-nos por vezes a visão, e os vendedores de sonhos adiados prosperam.
Com cantos de sereia, embalam-nos, e pedem-nos delegação de poderes, dizendo-nos que podemos descansar, pois incansáveis paladinos por nós velarão sem outro interesse que não seja a satisfação dos nossos interesses.
Não nos elucidam, iludem-nos. Não nos dizem o que deve ser dito. Dizem-nos antes o que sabem quereremos ouvir. Não fazem o que deve ser feito. Fazem antes o que sabem ter efeito mais imediato ainda que seja mais superficial e menos necessário.
Nas nossas democracias, que são ainda o que de melhor se pode arranjar, governam-nos ao sabor das sondagens, e apresentam-nos aquilo que devemos escolher usando as mais refinadas e descaradas técnicas de markting, como se de simples sabonetes se trate, onde a mensagem passa mais pela forma do que pelo conteúdo.
Por isso, hoje mais que nunca, e menos que amanhã, ser cidadão é ser atento, e estar informado acerca do que se quer, do que se pode e se deve ser, e do que individual e colectivamente se deve ter, respeitando as opiniões desiguais e assumindo construtivamente os erros que fazem de nós humanos.
Ser cidadão

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