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“Sei que não vou por aí”

Retrato de henrique
Henrique Ferreira

“Sei que não vou por aí”

Extraio nove ideias fundamentais da análise encetada: 1) os cidadãos estão muito distantes da política, juízo alicerçado na dimensão da abstenção; 2) só as eleições dão voz aos que não têm voz, que não escrevem nos jornais nem falam nas rádios nem na televisão e que constituem a consciência do «país real» ou «país profundo»; 3) que essa voz constitui a verdadeira consciência social-democrata do país, apesar de ela não militar nem simpatizar nem com o PS nem com o PSD; 4) que essa voz, com uma dimensão de 20 a 25% do eleitorado, representa, em consequência, o verdadeiro partido do Centro, entre o PS e o PSD, sendo constituída pela direita do PS e pela esquerda do PSD, e alternando a sua votação, ora no PS, ora no PSD, conforme as qualidades dos líderes e não conforme o aparelho ou a ideologia dos dois Partidos; 5) que não é só nas eleições autárquicas que essa voz vota em pessoas, mas que nas eleições legislativas também; 6) que o PSD e o PS já subiram de uma representação de 60% do eleitorado, em 1976, para 80%, em 2001, mas continuam reduzidos à representação fixa de apenas, respectivamente, 30 a 35% e 25 a 30% dos eleitores activos do país; 7) que será difícil a qualquer dos dois Partidos obter maioria absoluta nas próximas eleições legislativas, opinião já expressa também por António José Saraiva, por António Barreto e por Vital Moreira, entre outros; 8) que o País sociológico já não é o que era, tendo-se, pela primeira vez, travestido politicamente, porque a «esquerda» autárquica virou «esquerda do caviar» e a «direita» intrometeu-se na «esquerda», assimilando os princípios sociais desta; 9) o país da esquerda democrática, das cidades, virou social-democrata e o país do interior manteve-se quase inalterado face aos valores de 1976, com excepção dos distritos de Évora, Beja, Castelo Branco e Guarda. O País político-sociológico mudou mais do que as elites imaginam.
Da análise, fica ainda demonstrado que ganha as eleições legislativas quem oferece mais confiança aos portugueses em termos de capacidade de liderança, honestidade, coerência ideológica, capacidade de decisão, capacidade para o exercício da autoridade e da responsa-bilização, competência técnico-económico-organizacional, capacidade para conciliar tradição com modernidade, cristianismo com vida secular, desenvolvimento económico com construção da igualdade social e dinâmica de mudança social com estabilidade económica e referencial – valorativa da sociedade portuguesa.
A conclusão a tirar é que o voto do dia 16 de Dezembro não é um voto deliberado no PSD, mas um voto contra a ausência presumida e desiludida de algumas destas qualidades por parte do actual Primeiro-Ministro e, por arrastamento, do Governo. Resta agora a Ferro Rodrigues demonstrar que era um «fora-de-série» neste Governo e a Durão Barroso que, afinal, também tem aquelas qualidades.
Assim, a questão de saber em quem vai votar esta “voz oculta» ou «voz profunda» ou ainda do «país real», que representa 20/25% de votos, está em saber com qual dos dois líderes em confronto ela se vai identificar, podendo acontecer mesmo que ela se não identifique com nenhum deles, prosseguindo, neste caso, o pântano que Guterres terá querido evitar, a menos que PS e PSD reeditem o Bloco Central de 1983-1985, Bloco extremamente necessário para de novo salvar o país da situação económica difícil em que se encontra e encetar as reformas impopulares que só são possíveis com uma grande margem de apoio político e social.
Apesar da subida na votação, relativamente a 1997 e a 1999, o líder do PSD não se apresenta ainda suficientemente credibilizado para ganhar as próximas eleições, pelo menos com maioria absoluta. Com efeito, esta não é uma vitória sua mas dos Autarcas, candidatos pelo PSD. Além disso, não resulta dos méritos de Durão Barroso, mas dos de Cavaco Silva e Manuela Ferreira Leite que, lentamente, vinham provocando a erosão do Governo na área económica.
Acresce que, ao contrário de Cavaco Silva e do PSD, em 1993, António Guterres jogou agora o jogo do adversário, “legislativizando” estas eleições naquilo que, em minha opinião, foi o maior erro político do PS nestes últimos seis anos e se transformou num precedente terrível para a estabilidade governativa, com risco de eleições legislativas de dois em dois anos, como acentuou também José António Saraiva. A menos que, como sugeriu António Barreto, a intenção do Primeiro-Ministro fosse mesmo arranjar um pretexto para fugir, o que, sinceramente, não acredito.
É evidente que as indecisões e erros do Governo foram muitos e o eleitorado do Centro estava farto de falta de autoridade, de incapacidade para tomar decisões, de legisla-e-deslegisla, de promete-mas-não-faz. Acresce que os estudos de psicossociologia organizacional demonstram que, num ambiente de crise, o Povo quer uma liderança forte, que lhe dê segurança, e prefere mesmo uma liderança forte, ainda que cometa erros, a uma ausência de liderança.
Ora, é precisamente aqui que reside o problema de Durão Barroso. Que pode ele oferecer aos Portugueses nesta matéria se, tal como o PS, não renovou as estruturas do Partido, se vemos as mesmas caras de 1987, se vemos os mesmos «boys» e «girls» a perfilarem-se já para ocuparem os lugares políticos e os Institutos Públicos criados indevidamente, quer pelo Governo do PSD quer pelo Governo do PS, com a cumplicidade do Partido da Oposição?
Ferro Rodrigues e Durão Barroso têm, pois, os mesmos dois problemas: 1) a necessidade de demonstrarem capacidade de liderança em consonância com as qualidades acima referidas; 2) a necessidade de «renovarem» os respectivos aparelhos burocrático-políticos. Ferro parece já ter começado. Durão parece ainda não se ter convencido que não pode esperar que uma vitória lhe caia do céu, porque há gente no seu Partido, como no do PS, que já cheira a caruncho.
Acresce, infelizmente, que, aparte alguns pormenores, são dois partidos muito iguais. O PSD apenas se opôs ao aborto, às uniões de facto e à regionalização, tendo denunciado bem o caos económico em que o país se encontra (e pactuarem um e outro na despesa de 74 milhões de contos pela dispensa por um mês por cada candidato às eleições autárquicas é imperdoável). Mas, em vez de conquistar o Centro, prometendo austeridade para favorecer o crescimento da economia, para promover mais igualdade e mais justiça social, Durão Barroso tem falado de liberalização da economia, de privatização de empresas públicas, um discurso exclusivamente apelativo para a direita do PSD e para o CDS/PP.
Ferro Rodrigues também ainda não se definiu ideologicamente. Bom será que o faça antes que mais «renovação» no interior do Partido lhe «mine» o terreno e antes que a direita agite o fantasma do radicalismo de esquerda. É fácil promover «renovação» na presença de um projecto ideológico claro, que vá de encontro às qualidades de liderança além-acima referidas, sobretudo à conciliação entre tradição e modernidade, entre desenvolvimento económico, justiça social e equidade fiscal, entre austeridade e rigor orçamental, entre o ter-estado no Governo e o ter-de-demarcar-se do Governo. Mas é muito difícil fazê-lo pela mera escolha de pessoas para as listas do aparelho.
Depois, deve ter coragem para pedir às suas «Distritais» para promoverem a renovação das listas de Deputados à Assembleia da República. Há listas que já não dizem nada aos eleitores, muitos dos quais, não podendo votar diferentemente na lista de Deputados e na do Governo, ficam em casa, como de resto resulta da análise dos resultados do distrito de Bragança, onde os eleitores votam no PS para as Autárquicas mas não votam no PS para as Legislativas. Porém, também há pessoas que Ferro não pode deixar fugir, como Henrique Neto e Helena Roseta.
Tanto Ferro como Durão devem falar verdade ao Povo. A situação económica do país é muito grave e ambos devem mandar calar Cavaco, que tem quase tantas culpas no cartório como Guterres. E também ele, como Guterres, abandonou. Agora, o nosso país tem falta de produtividade e de competividade, tem excesso de despesa pública, tem prebendas insuportáveis nos gestores públicos e nos médicos, tem irraciona-lidades inconcebíveis na gestão dos professores e dos enfermeiros, tem uma incompetência atroz na gestão da administração pública, tem irracionalidade nos orçamentos da maior parte dos organismos autónomos, onde a irresponsabilidade e «a esquerda do caviar» campeiam, tem esbanjamentos incompreensíveis nas autarquias, tem “iliteracias” e “inumeracias” gritantes que se estendem já aos professores de todos os níveis de ensino, com Doutorados a revelarem algum do pior desempenho.
Ambos ainda, Ferro e Durão, para se afirmarem, têm de libertar-se dos fantasmas e erros do passado e têm de afirmar claramente que não tolerarão desvarios, nem ideológicos, nem económicos, nem de «boys», nem de «girls», nem de gestores públicos, nem de autarcas dinossauros, nem de jovens deputados de atrevimento «fracturante», nem de corporações profissionais, nem de interesses económicos de grupo.
Terão tempo para isto tudo? Oxalá que sim, para bem de Portugal.
Face a este contexto a análise específica dos resultados eleitorais é despicienda. No entanto, talvez valha a pena referir que, em geral, o POVO só permitiu que um autarca permanecesse no poder, para lá de oito anos, quando, com algumas excepções, tinha obra boa feita e revelasse competência técnica e social. Isto significa que o POVO se substituiu ao PS e ao PSD na limitação dos mandatos dos Autarcas.
Também vale a pena dizer que foi o eleitorado das grandes cidades quem mais penalizou o Governo, o que é normal, porque é lá que se sentem mais os problemas, mas o que obriga a levantar a hipótese de que a «esquerda» já não é o que era ou que, então, perdeu por falta de comparência nas urnas. De qualquer modo, estes factos são confirmados pela razia da CDU no Alentejo, e do PS em Lisboa, Porto e Sintra.
Em termos de mandatos camarários, o domínio do PSD sobre o PS, actualmente, é avassalador (159 Câmaras contra 128).
Referência ainda para a reconsoli-dação do PSD nos Distritos de Bragança e de Vila Real, agora que o período dourado do PS está em suspenso até ao novo desgaste dos autarcas do PSD. É a alternância quase sempre, mas, muito poucas vezes, infelizmente, a alternativa.

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