A Barragem do Sabor parece finalmente ter luz verde para ser construída. A Comissão Europeia irá arquivar o Processo de Infracção contra o Estado Português interposto pela Plataforma Sabor Livre.
Uma construção como a Barragem do Sabor obrigatoriamente causa impacto no meio envolvente. Não sou especialista no assunto para me satisfazer com ler pareceres e opiniões, nem sequer para poder opinar sem uma visita ao terreno. No ano passado tive oportunidade de realizar essa mesma visita, passando pelos principais locais que serão afectados pela construção da barragem, numa iniciativa da distrital de Bragança da Juventude Popular. Essa visita foi especialmente esclarecedora porque foi guiada por um técnico com conhecimentos alargados sobre a região e porque no grupo de jovens, das mais variadas correntes partidárias, havia posições a favor e contra a barragem. Do que vi, do muito que aprendi, coube-me retirar as minhas conclusões.
Amante da natureza como sempre fui, muito me preocupava o que tinha ouvido serem as consequências ambientais da construção da barragem, nomeadamente para Grifos, Abutres do Egipto, Águias de Bonnelli e Reais. Foi com um suspiro de alívio que pude ver que os locais habituais de nidificação dessas aves não serão submersos, bem como que as principais áreas de florestação autóctone não estão na zona que será alagada.
Acredito no chamado “desenvolvimento sustentado”, onde a evolução da sociedade e do Ser-Humano não se faça à custa do ambiente mas sim de um modo integrado, onde seja respeitado o equilibrio da natureza. Só assim respeitaremos também o nosso próprio futuro.
Acredito que os projectos de redução do impacto ambiental e as soluções apontadas por Bruxelas permitirão a “construção sustentada” da Barragem do Sabor. Se todos soubermos aproveitar os demais benefícios que a Barragem trará à nossa região e potenciá-los, nomeadamente em termos turísticos, penso que esta decisão da Comissão Europeia poderá ser bastante importante para o distrito. Não haja mais burocracia e atrasos no caminho. Mas uma coisa é certa: não esperemos que a Barragem resolva todos os nossos problemas e desenvolva a região por si só, porque isso certamente não irá acontecer. Não é a galinha dos ovos de ouro.
O Projecto da Barragem do Sabor foi, desde o início, objecto de grande polémica e discussão. Havendo opiniões contra e outras a favor, vários modos de expressão dessas mesmas opiniões que permitiram uma maior ou menor rapidez no desenvolvimento do processo, a verdade é que felizmente nunca assistimos a actos não próprios de um Estado de Direito. Digo isto porque não podia deixar de me referir ao triste episódio que aconteceu no nosso país na passada semana. Um grupo de pseudo-ecologistas (porque os ecologistas eu respeito e julgo ser sempre importante ouvir o que têm a dizer) invadiram e destruiram um campo de milho trangénico. Polémicas de apoios ministeriais à parte, espero que as responsabilidades dos invasores sejam apuradas e que tenham as devidas consequências; em nome de um Portugal democrático onde a liberdade de cada um acaba onde começa a do seu semelhante e onde existe total liberdade de expressão e opinião, mas não de vandalismo e invasão de propriedade alheia.