Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

Retribuir é imperativo

não têm o discernimento de perceber que são dispensáveis e se tornaram Narcisistas e até Anorécticos ao não se enxergarem que o seu prazo de validade está ultrapassado e que hoje são parte do problema. 

Será que algum homem ou mulher, de reconhecidas competências, capacidades e qualidades humanas tem o direito de não se disponibilizar a uma participação de interesse público?

Quando se atinge um determinado patamar e é reconhecido, de poder e esperança para terceiros, pelo seu passado, será que esse individuo não deve nada a quem colaborou na sua formação, mesmo que de uma forma indirecta nele acreditou e responsabilizou?

Aos cidadãos, que lhe é reconhecido valor, não podem nem devem escudar-se em subterfúgios sem fundamento e muito menos desmontáveis mais facilmente do que um castelo de cartas, ou seja falsas alegações.

O humano é um ser individual mas, quando parte integrante de uma sociedade e enquanto um activo desta, tem a responsabilidade de disponibilizar-se e contribuir para melhor funcionamento desta ou então não tem direito a dela retirar dividendos: só lhe restando viver como um eremita ou assumir-se como “vampiro”.

Podemos contribuir para a sociedade, partilhando o nosso conhecimento, as nossas vivências, competências e atributos, mas sabendo que poucas destas advêm de uma aquisição autodidacta ou que somos um “self-made man”, porque mesmo nestes casos, todas elas são conferidas na convivência em sociedade. Chegados aqui, quando somos chamados a ter de retribuir na nossa individualidade, sendo filantropo, leader ou apenas no desempenho de papéis simples é, enquanto alimentados dessa sociedade nas várias necessidades passivas ou activas, obrigatória a nossa participação, sem inventar argumentos, que mais não são de egocentrismo e, estes, não são dignos nem aceitáveis na convivência em grupo.

Tenho para mim que a solidariedade não deve ser apregoada nem aceitar que a apregoem, quando não é praticada: é o princípio básico desta, um meio de agradecimento, para todos os que cooperaram para o sucesso pessoal.

Os verdadeiros Leaders, não têm medo de assumir a responsabilidade das suas decisões, nem se orientam pela sua aceitabilidade, na unanimidade, se são ou não politicamente correctas mas, assumem e agem, quando convictos, segundo o que sabem que é o melhor para a sociedade em determinado momento. Também o Leader não necessita nem deve, decidir ou esperar por “vagas de fundo” ou numa base de apoio alargada, deve sim, quando conhecedor de que a sua pessoa é agregadora e motivadora “ir a jogo” por iniciativa própria e lutar com todos os meios ao seu alcance para implementar as políticas necessárias para melhorar as condições de vida da irmandade a que pertence e nele confia e foi … alimentado. Se para quem “vai a votos não perde”, então só pode ganhar o próprio pelo reconhecido contributo, a comunidade pelo debate e a disponibilidade de escolha aos concidadãos, e ainda todos pelo “agitar das águas”, pois quando estas estagnam a putrefacção é o seu fim enquanto, as águas em movimento é alimento, comunicação enriquecedora é vida.

Estando nós no tempo de escolher os candidatos aos vários órgãos autárquicos, é um dever cívico e um imperativo moral aos seleccionados e posteriormente convidados disponibilizarem-se, para poderem promover o retorno à sociedade que os alimentou nos vários estágios da sua existência.

NOTA: O Narcisismo e a Anorexia têm em comum a imagem no espelho provocar o sentimento de inveja. Possivelmente a prevalência (a existir registos até então?) de se manifestarem em simultâneo, será nula ou muito baixa. Mas, pelas manifestações, desde algum tempo, poderemos ter responsáveis políticos a necessitar de fazer testes de despistagem.

Pois, não têm o discernimento de perceber que são dispensáveis e se tornaram Narcisistas e até Anorécticos ao não se enxergarem que o seu prazo de validade está ultrapassado e que hoje são parte do problema. 

De outra forma, não se entende a inveja às pessoas, e neste caso muitas, por estarem melhor colocadas para contribuir para a sociedade onde estão inseridos e se alimentam, então, só podiam e deviam tudo fazer para que essas apareçam e juntarem-se, também eles, ao projecto.

Bragança, 04/09/2020

Baptista Jerónimo


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