O «homo aestheticus», autoproclamado protector e representante de todos os portugueses, parece querer reconquistar os súbditos. Tarde de mais para um vilão demasiado arrogante e, ou mentiroso ou ignorante.
Manuel Pinho veio ontem expressar o sentimento que já se vive nas hostes do PS, ao apelar à constituição de um novo BLOCO CENTRAL. Verdade, verdadinha que o que o Presidente da República deveria fazer é apelar também, como fez Ramalho Eanes em 1983, à constituição de um Bloco Central. Com efeito, um governo de centro-direita vai ter os dias muito dífíceis, com a fractura social entre Direita e Esquerda. Foi sempre assim com as AD`S. Por isso se diz que só o PS pode fazer reformas, justamente porque triparte todo espectro político. Veremos se Sócrates tem um último gesto de dignidade que permita ao PSD estender a mão.
Porque este PS foi demasidao vilão e incompetente para voltar a merecer a confiança dos Portugueses. Desperdiçou por inteiro o seu capital polítco. Abusou dos poderes do Estado. Distribuiu privilégios ilegitimamente. Alheou-se dos problemas dos jovens. Comprometeu o futuro das novas gerações para proteger oligarcas e corruptos sem escrúpulo. Abusou da família. Maltratou todos os que trabalham. Não soube ler os sinais da crise e muito menos preparar o antídoto para ela. São demasiados pecados para tão pouco tempo.
Agora, o PS já deixa transparecer o desânimo pela derrota próxima. Como não, se o Primneiro-Ministro nos tratou a todos por parvos ao contribuir para arranjar uma crise política que outros esperavam? Como não, se o Primeiro-Ministro passou a campanha a fazer o que censurava nos adversários, ou seja, a fugir aos temas de debate e em arvorar-se no guardião moral da honra, acusando os outros de terem provocado a crise política que lhe convinha a ele para justificar o injustificável de ter de governar com o FMI que sempre recusara?
Agora, Manuel Pinho dá rosto à descrença e ao desânimo pela derrota próxima. Merecida inteiramente mas de prováveis contornos dramáticos para Portugal. A pretexto de sarar as feridas financeiras da crise económica, podemos regressar às desigualdades de antes do «25 de Abril», aos excessos das «vinhas da ira».
A natureza humana nunca mudou, desde Adão - EVA e desde Caim-ABEL. Os sistemas de controlo é que a libertavam ou a oprimiam. Por ora, serão Thanatos e Hercules os deuses que nos oprimirão e não há lugar nem para Apolo nem para Eros e, muito menos para Afrodite ou Atena. Só para uma ópera de Wagner. Na esperança de que Verdi venha resgatar-nos um dia.
Sócrates, o anti-Sócrates, o Protágoras dos novos tempos, o Maquiavel travestido de Nietzsche, o escondido freudeano pela candura de Flaubert, «morreu». Felizmente, conseguimos «matá-lo». Que viva Sócrates, o da Grécia Antiga, o de todas as virtudes, reais ou objectivadas por Platão, para a salvação da DEMOCRACIA.
Bragança, 02/06/2011
Henrique Ferreira