Uma das principais críticas dos sociólogos da política liberal aos políticos que propagandeiam um processo de mudança baseado na decisão política e não na decisão racional, isto é, com base nos reais ritmos de desenvolvimento económico, infraestrutural, estrutural, de recursos e cultural dos povos é o voluntarismo.
O voluntarismo é e sempre foi um dos principais alvos da crítica liberal sobre a decisão política dos políticos democratas e socialistas.
Oriento a minha reflexão para as declarações recentes do nosso Presidente da República sobre a necessidade de um euro mais fraco para promover as exportações. A declaração parece-me um virar de página no pensamento de Cavaco Silva ou, então, um arrependimento não confessado sobre as suas ex-orientações para um Portugal agarrado ao euro-moeda e para uma moeda-euro como seguro de vida dos pobres.
Um dos principais debates ocorridos entre 1997 e 2000 foi justamente o de se Portugal devia ou não aderir à moeda euro. Os voluntaristas, com Cavaco Silva e António Guterres à cabeça, defendiam o sim. Os economistas ortodoxos e os defensores de uma decisão racional defendiam o não. Entre eles, eu. Mantive esta posição durante cerca de seis anos mas, perante a decisão, acabei por aceitar.
Hoje, estou a mudar outra vez, mas para a minha posição anterior. Parece-me inevitável que Portugal tenha de sair do euro. Por duas razões essenciais: 1) o processo produtivo português e, sobretudo, as exportações ficam muito caros com o euro; 2) os países ricos estão a tentar destruir todos os países pobres para subjugarem a Europa através da contaminação das dívidas soberanas, as quais se estão a tornar um belo negócio para os ricos França, Dinamarca, Holanda e Alemanha.
Poderei ir mais longe: estamos a caminho de um novo conflito cujos contornos não sei ainda determinar mas que ocorrerá de novo entre a França e a Alemanha enquanto países que disputam a hegemonia europeia.
Neste cenário, o euro terá de ficar limitado a esses países e será melhor Portugal e Espanha começarem a pensar no IBERO. Que distraídos têm andado os nossos políticos! Como se vê, é do voluntarismo e da alienação cultural. Beber a «cicuta» sem a analisar é obra de «cegos».