Diz o povo e com razão que não há bem que sempre dure, nem mal que se não acabe. Pois está na hora do mal se acabar.
Na verdade já vai longo o tempo de governo e o sofrimento a que o povo português tem estado sujeito. A confiança depositada neste governo e neste partido, está ultrapassada, visto que a falta de cumprimento político é uma realidade com quatro anos de atraso e, mais grave ainda, a verificação de medidas completamente irresponsáveis e desajustadas ao momento actual.
É, feliz ou infelizmente, uma constatação nacional, a má governação do executivo. A quantidade de medidas tomadas recentemente, quase à revelia da coerência política e de um grau de impopularidade imenso, fazem deste governo o pior das últimas décadas. Se com isso, Portugal não fosse arrastado para o abismo, não viria muito mal ao mundo, mas a realidade é que vamos todos parar a um buraco imenso, de onde sair é obra do acaso.
Incapaz de tomar resoluções na hora própria porque seria, quiçá impopular e não ganhava votos nenhuns, passa a tomar resoluções depois do prazo de validade, arriscando-se a que sejam indigestas e até venenosas. Foi o caso do aumento dos combustíveis. É claro que não foram só os combustíveis que aumentaram como sabemos, já que os transportes, o gás e os produtos alimentares, foram a reboque. Mas, não contente com isso e porque já estava mal visto, há que mexer nos juros bancários e subi-los, pois a inflação não pode disparar sob pena de ser condenado por Bruxelas e apelidado de incompetente. Isto era mais perigoso pois além de Primeiro Ministro de Portugal, Guterres é Presidente da União Europeia e assim sendo, como se pode governar bem a União se não se consegue governar um país tão pequeno como o nosso?
A mexida nos juros foi de facto uma medida bastante impopular. Aliás como a dos combustíveis. Não haveria muitas alternativas a tomar neste contexto actual, no entanto o erro está na incapacidade de as ter tomado na altura certa e de explicar agora com toda a humildade o que levou a não as ter feito na devida altura, pedindo disso desculpas ao povo português.
Não estando tudo ainda arrumado, surge agora mais uma machadada na vida económica da juventude portuguesa. Os juros bonificados para os jovens que adquiriram casa foi alterado substancialmente, arrastando para o descalabro alguns casais jovens que vêem a sua prestação mensal subir de algumas dezenas de contos de reis, de um momento para o outro. Uns desistem e vendem a casa, outros incapazes de assumir a vergonha do não cumprimento da sua promessa e porque a sua resistência é demasiado fraca, atiram-se da varanda do quinto andar abaixo, pagando assim todas as prestações de uma vez só.
Já nem os adeptos do governo têm confiança nele. Até os ministros actuais reconhecem que os ventos não estão de feição para o partido e para o governo. A medo, alguns membros do secretariado do PS, acabam por dizer que «Não há razão para temer», reconhecendo a impopularidade que a governação socialista está a sentir com as repercussões das medidas tomadas quanto aos combustíveis e aos juros. Jorge Lacão, Fernando Gomes e Edite Estrela foram os porta vozes desta mensagem bem explícita. Mas o povo português também vai tendo alguma consciência destas coisas e toma posição nas greves que por todo o lado têm sido feitas.
Já nem as falinhas mansas de Guterres conseguem convencer ninguém e poucos acreditam nas suas promessas. Portugal está à beira da falência. Dentro de um ano, se não forem tomadas medidas drásticas, Portugal está em maus lençóis. O nível de vida está insuportável. Tudo subiu de um momento para o outro e o povo é que paga este custo e esta inflação.
Incontrolável, esta situação é bem clara para o governo que agora, face aos descontentamentos populares, faz depender a afirmação do PS de um bom resultado nas autárquicas.
Afinal, quem é capaz de derrubar este governo? Por favor!
Perante este cenário, o PSD em vez de fazer uma oposição séria, vê inchar o seu Presidente quando diz que será o próximo Primeiro Ministro após as legislativas, mesmo sabendo da forte oposição interna. Vanitas vanitatis, omnia vanitas! Que havemos nós de fazer?!
Valha-nos pelo menos a oposição mais coerente e firme do Partido Popular, que tem sabido gerir sabiamente o seu tempo e o seu programa de oposição ao governo, tendo uma imagem favorável aos olhos dos portugueses. Não embarcando em falsas vaidades e lutando pelo mais importante que prometeu em campanha, assim vai fazendo uma oposição sensata, madura e adulta, demonstrando que quer pertencer novamente à área do poder e do governo. Será que é o único a ser capaz de derrubar o governo?!
Face a este panorama político, preconizo sem grande erro certamente, que se o governo não cair por si só dentro dos próximos quatro meses, cairá lá para Dezembro quando se for votar o próximo Orçamento, com toda a certeza! Isto para bem dos portugueses.
Na verdade, sejamos sinceros. Durão Barroso não resiste a mais um congresso. Guterres não é capaz de tomar decisões impopulares a tempo certo e também não é capaz de deixar de obedecer a Pina Moura. Paulo Portas, cansado de oferecer os préstimos populares a toda a gente, não vai deixar passar o próximo Orçamento, saindo assim como vencedor desta contenda política, afundando o PS, Guterres e Durão Barroso. Bom, Durão Barroso... só porque traz o umbigo à mostra! Coisas do destino.