Quando tudo parecia correr de vento em popa para o Museu do Douro, vieram agora a lume tomadas de posição das Câmaras Municipais, em que estas na sua quase totalidade se mostram indisponíveis para acarretar com os custos da sua implementação e do seu funcionamento.
Tenho para mim, que a primeira sensação de todos os que fazem muito gosto no Museu, foi uma sensação de inquietação misturada com uma boa dose de desânimo, pois para todos os efeitos semelhante coisa assume os contornos de mais uma contrariedade.
É assim algo como quando a gente luta por uma coisa, vence as muitas barreiras que lhe são colocadas, e já quase no fim, mesmo quando se está a dar o desejo como realizado, sopra um vento contrário, e o objecto do nosso querer esfuma-se sem deixar rasto.
No entanto, passado esse primeiro sentir, o coração passou a bater mais regularmente, o desânimo foi-se esvaindo, e da esperança que lhe veio fazer a vez, começou a brotar a noção de que na região do Douro, não haveria titulares de cargos públicos que por dá cá aquela palha matassem o Museu do Douro.
Note-se que aqui de modo algum se pretende dizer que não são justificáveis os argumentos dos autarcas e lhe não sobram motivos para os esgrimir. O dinheiro de que se fala, é dinheiro que não é pouco e que faz muita falta para outras coisas, como de resto é por demais evidente.
Depois, também o facto de contrariamente a muitos outros, ou de todos os outros mesmo, o Museu do Douro não ser custeado totalmente pelo Pode Central, é algo que se não pode esquecer, e algo que dá acrescida razão aos Presidentes de Câmara para colocarem algumas reservas e darem alguns virtuais murros na mesa, mais não seja para
chamarem a atenção para a exiguidade dos seus orçamentos e para a incapacidade que estes têm para mais encargos.
Seja como for, a única coisa que me parece certa, e que reunirá a unanimidade na região esquecida do Alto Douro, é que o Museu é já uma realidade muito concreta, muito activa e muito necessária, e que por essas e por muitas outras razões jamais pode morrer na praia, como se costuma dizer.
Quanto a isso, falam a inúmeras actividades que já desenvolveu, os esforços que já congregou, as atenções que já chamou, e as boas – vontades que já reuniu. Veja-se que toda a gente o dá já como certo, muitas personalidades de relevo nacional já aderiram à sua Associação de Amigos, e muitas localidades antes arredadas dos eventos culturais já beneficiaram dos seus efeitos, e através dele o Douro mostrou o que vale e que também sabe estar ao melhor nível naquilo e quando vale a pena.
É por isso e muito mais, que sendo esta uma região onde impera o bom senso, ainda que nem sempre, também desta vez se impõe que se discuta agora o que houver para discutir, se esclareça o que houver para esclarecer, e se exija o que houver para se exigir.
Cada qual que veja até onde pode ir no seu esforço, e depois de estabelecidas inteligentemente as prioridades de modo a que se não troque o essencial pelo acessório, o sério e cosmopolita pelo folclórico e tacanho, se defenda então o que se achar como mais razoável para todos sem se cair nas disputas paroquiais infelizmente tão costumeiras.
Pelo Museu do Douro

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