Todos os portugueses se aliaram para esconjurar o Governo, a Troika e o FMI por causa das medidas contra a crise, anunciadas no início de Setembro de 2012
Vasco Pulido Valente, um dos mais lídimos representantes e defensores de Pedro, em terras do PSD, arrasa o líder do Partido pela forma como o Governo se comporta e ele próprio comunica com o país. E José Pacheco Pereira anuncia hoje em «Público» que o país é vítima de «irritantes naturais» que consomem a coligação.
Por fim, os escaravelhos, que andam sempre à procura de erva fácil, já estão a fazer o epitáfio da coligação, para poderem ser os coveiros de nova odisseia governamental.
No final de contas, os portugueses só parecem saber criticar e consumir o vizinho, os chefes e os governantes . Vivem do mal alheio para esconder ou fazer a catarse do seu.
Uma coisa me parece certa: os portugueses não discutem nem o seu passado nem o seu presente nem o seu futuro. Os portugueses não procuram as causas do que lhes aconteceu. Não querem compreender por que chegámos aqui. Não querem responsabilizar ninguém. Não querem saber se há crise internacional ou não. Não querem saber se devemos continuar no euro ou sair dele. Não querem saber quem, desde 1986, nos governou tão mal. Não querem saber de quem duplicou a despesa pública a partir de Janeiro de 1990. Não querem saber de quem lançou e de quem abusou das PPP`s. Não querem saber dos excessos dos oligarcas administrativos.
Afinal, os portugueses só querem saber de si e do seu bolso. Nada de discutir os problemas da comunidade ou de preocupar-se com o bem comum. Nada de discutir o que é justo ou iníquo. Apenas o ego metálico e fanfarroneiro.
Se todos os portugueses pagassem a crise, o défice resolver-se-ia num ano e a dívida pública em 30. Mas muitos dos que auferem menos de 1500 euros preferem rir-se dos que ganham mais e são cortados porque, quanto mais cortados, mais se aproximam da igualdade que premeia a mediocridade e a injustiça.
Nivelar por baixo é agora o alvo dos pobres e dos remediados. A frase, agora, é: se não posso chegar a rico por que não hão-de os ricos ficar pobres? Seremos todos iguais embora medíocres.
Sócrates cortou parte do vencimento dos funcionários públicos a partir de maio de 2010, lançando um imposto de 2% sobre o IRS. Abrangeu 150.000 funcionários públicos e arrecadou 52.500.000 euros.
A partir de Janeiro de 2011, o Governo de Sócrates foi mais longe: cortou os vencimentos de 200.000 funcionários públicos, os que ganhavam mais de 1.500 euros por mês. A média dos vencimentos a cortar era de 2000 euros a 160 euros por mês durante catorze meses a multiplicar por 200.000, o que dá uma arrecadação de 448.000.000 de euros, em 2011.
Não era suficiente e, por isso, o mesmo Sócrates, no memorando com a Troika acordou, para 2012, o corte dos subsídios de férias e de Natal a 650.000 funcionários públicos, os que recebem mais de 600 euros por mês, a par dos cortes anteriores, que se mantiveram. Cada um desses 650.000 funcionários públicos foi cortado em 1540 euros por ano, em média, arrecadando o Governo 1000.000.000 + 448.000.000, ou seja, 1.448.000.000 de euros, em 2012.
Para 2013, Passos Coelho quer mais 7% por mês da parte de cada um dos presumíveis 4.800.000 trabalhadores (700.000 do público) e 4.100.000 do privado. A média de vencimentos dos do privado é de 900 euros por mês, o que dá 882 euros por ano, por trabalhador, e 3.616.200.000 por todos os do privado.
Dado que a média de vencimentos dos do público é agora de 1100 euros, cada trabalhador descontará 924 euros por ano, ou seja, 646.800.000 euros. Somando os dois conjuntos, temos um corte de 3.963.000.000 euros + os anteriores 1.448.000.000, o que já dá 5.411.000.000.
Se a estes cortes e impostos acrescentarmos, desde 2003, o aumento dos impostos diretos do IVA , de uma média de 11% para uma média de 17%, numa economia oficial de 120.000.000.000 de euros,por ano, teremos os portugueses a pagar mais 8.400.000.000 de euros por ano, em IVA.
Se a isto acrescermos os 3% de aumento da taxa do IRS, de 20%para 23%, num total de 4.800.000.000 trabalhadores, vamos ter uma arrecadação, por parte do Estado sobre 60.000.000.000 de euros, ou seja, de 13.800.000.000 de euros, isto é mais 1.800.000 milhoes de euros do que em 2002.
Isto se não contabilizarmos ainda o aumento do custo de vida e a inflação não reposta nos salários
Somando tudo, em 2013, os portugueses, vão pagar a mais 15.600.000.000 de euros, ou seja, 1.500 euros por cada português e 3.100 por cada trabalhador no ativo.
Bem podem queixar-se os portugueses. Mas como não sabem queixar-se nem querem fazer o diagnóstico das queixas, teremos de mudar o ditado: casa onde não há pão, todos ralham e tdos parecem ter razão.
Sobram as razões para o protesto: o capital que não é devidamente taxado, as mais valias bancárias que não são taxadas, os enormes desvios salariais.
Vivemos por isso num país onde campeia a injustiça e a desigualdade mas onde, sobretudo, campeia a medicrodade que esta falsa democracia deixou instalar e que nos destrói a todos e parece acabar com o país.
«Que se lixe a Troika. Queremos as nossas vidas» é agora a nova frase de quem acha que há dinheiro para tudo apesar de ele não existitr no saco.