Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

Os “Cinzentos”

Todos nós catalogamos e somos catalogados, com o conhecimento advindo do empirismo ou juntando o conhecimento autodidáctico, pelo senso comum com traços de personalidade X e ou caracter Y, acresce ainda os juízos de valor que, sem aptidão ou conhecimento, somos capazes de dizer que “fulano” é inteligente ou é “burro”. Um problema nos humanos que só é esbatido nos Países que praticam pouco a socialização entre pares.

Não pretendo por em causa os profissionais, que baseando-se numa avaliação psicológica, suportada em testes ou baterias de testes reconhecidos pela comunidade científica, comparando com um padrão pré-definido, emitem o seu entendimento.

Voltando ao senso comum, teremos conclusões no seio de um grupo de conhecidos do tipo: Competente; Inteligente; Esperto; Simpático; Empático; Filantropo; de Confiança; Manipulador, Hipócrita; Corrupto, Vigarista ou os antónimos, não esquecendo os “Cinzentos”, entre outros.

As afirmações ficam com quem as emite, os receptores que, noutros grupos, vão passando a palavra, para o bem e para o mal, os catalogados vão ficando associados e identificados com os adjectivos antes “baptizados”.

Na sociedade contemporânea, existem dois tipos de pessoas com as quais convivo muito mal, por não me saber defender, são eles os Cinzentos e os Manipuladores. Os últimos, falaremos oportunamente.

Então, quem são as pessoas que eu apelido de “Cinzentos”? Encontramo-los frequentemente na política, em contexto de trabalho também, mas neste, ficam mais vezes a perder do que a conseguirem tirar dividendos. Um líder Cinzento não tem opinião, por mais óbvia que seja. Qualquer cidadão é capaz perante um objecto de pedra dizer que é de pedra. Um líder cinzento, não se pronuncia, procura a opinião dos restantes, vê de que lado está a maioria e depois, com grande eloquência, manifesta-se ao lado da maioria. Estas pessoas, são incapazes de dar o seu parecer, interpretação, conclusão, sem primeiro saber qual a tendência da maioria ou então, por raras vezes, quando está rodeado dos seus subservientes poderá opinar autocraticamente. Mesmo não tendo uma patologia associada, são medrosos, cobardes, traidores, sem confiança e nunca assumem a responsabilidade, não conseguindo deixar o individualismo acompanhado de um narcisismo patológico. Alimentam-se dos órgãos de informação e vale tudo para os controlar, amordaçar. Recorrem com frequência a “testas de ferro” para se desculparem e utilizam os colaboradores dependentes hierarquicamente para desculparem as suas decisões inconsequentes, inapropriadas ou geradoras de incompreensão. Nas relações de trabalho (político ou não) com investidores ou até cidadãos comuns, pela incapacidade de tomar decisões, geralmente a frase mais usada é: vamos analisar, ponderar, pensando eles que o tempo poderá ser um aliado, quando geralmente funciona ao contrário. Não conseguindo ser simpáticos ou gerar empatia forçam um sorriso hipócrita e desfasem-se em cumprimentos exagerados e falsos.

Para este tipo de pessoas, a “profissão” que se adapta melhor é a de político, pois não cria roturas e cria pontes fictícias mas, mais cedo do que tarde, são denunciados e afastados.

 “Podeis enganar toda a gente durante um certo tempo; podeis mesmo enganar algumas pessoas todo o tempo; mas não vos será possível enganar sempre toda a gente.” Abraham Lincoln
 

Bragança, 17/04/2020

Baptista Jerónimo


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