Desta vez, Aníbal Cavaco Silva esteve bem, na sua Mensagem de Ano Novo.
Na sequência do que já afirmaram outros comentadores, pareceu-me uma intervenção honesta, num registo adequado e a tentar fazer as pazes não só com o Governo mas também a promover a paz entre o Governo e as oposições.
Também a mim me pareceu um ultimato. Ou o Governo e as oposições se entendem ou o pais pode resvalar para uma situação «explosiva» e sem controlo.
Cavaco mobilizou a área social em que está mais à vontade, a macroeconomia, para apontar a situação em que o país se encontra e a urgência da tomada de medidas de médio prazo em concertação de partidos.
Só que o tempo do Presidente não é o tempo dos partidos. Nenhum destes, na situação actual, quer tomar medidas impopulares que o penalizarão em eleições próximas. E, assim, José Sócrates só quer um álibi para se demitir. Tal como o PSD quer que o PS governe e se queime em banho-maria perante os eleitores. É assim o jogo político dos partidos.
Provavelmente, a breve prazo, vamos ter governos de mediação presidencial. Esta é a evidência de que o sistema eleitoral tem de se organizar para conseguir maiorias governativas. Porque o sistema que temos, de esbanjamento e de desperdício, nenhum dos países ricos o adoptou. Por que será?
Ou governos presidenciais ou o desastre económico do país.