Batista Jerónimo

Batista Jerónimo

O Polvo

Este molúsculo, tem servido para caracterizar situações anómalas e que muitas vezes estão à margem da lei, como mafia, extorsão, chantagem, corrupção, cartel, sufoco e manipulação de governantes.

A lógica partidária de alcançar o poder, passa por acordos, promiscuidades, negociações e jogos de influência, do candidato a líder de um partido, com os Presidentes de Federação e destes para os Presidentes das Concelhias, isto no interior dos partidos, porque depois ainda temos os Lóbis económicos, religiosos e as sociedades com ou sem secretismo. Depois de assumir o Governo, o Polvo, sem esqueleto (leia-se coluna vertebral) manipula, chantageia e lembra ao governante o que foi acordado. Com os seus oito braços manieta o governante e com as ventosas agarra-se ao poder que nem lapas, servindo-se da coisa pública como se dele fosse.

Vem a prepósito esta introdução para abordar, o assunto das nomeações políticas, que em nada difere de anteriores governos, mas se antes estava mal, agora continua a estar. Nem o erro dos outros justifica o nosso. As nomeações politicas, seja por convite ou concurso (a entrevista decide), são (quase) sempre, seguindo esta hierarquização – 1º familiares de sangue, 2º amigos subservientes, 3º família politica (obrigatoriedade de apoiante da facção), 4º correligionário (angariador e/ou detentor de votos partidários actualmente ou no futuro), 5º amigo do familiar, ou amigo do amigo. Ao contemplado com o lugar, é-lhe exigido a obrigatoriedade da defesa inquestionável e personificada do chefe.

E então a COMPETENCIA? – Competentes, não podem ser, põem em perigo a sobrevivência do distribuidor dos lugares políticos. É o padrão, em qualquer que seja o partido que detém o poder, seja lugares que dependam das autarquias ou do governo. Nas autarquias, por serem menos escrutinadas, ainda é pior. Acresce, aos lugares políticos directos da autarquia, a admissão de colaboradores nas instituições subsídio-dependentes (IPSS entre outras). Para não falar nos fornecedores de bens e serviços, aqui o desnorte ainda é maior, mesmo sob o chapéu da lei. De quem é a culpa, porque há culpados, em primeiro e sempre quem elege - somos pouco exigentes. E, valemo-nos geralmente da mesma desculpa – são todos iguais: - são? - NÃO. Somos muito conservadores a depositar o voto.

Já, escrevi e volto a escrever – ninguém pode ser prejudicado por ser familiar. Mas, beneficiado NUNCA.

Dizem, como justificação das nomeações – são competentes. Como chegaram á conclusão que são competentes? Foram comparados com outros concorrentes? Fizeram provas? Apresentaram algum trabalho? Que currículo apresentaram além de pertencer á arvore genealógica? Por exclusão de partes, os restantes Portugueses interessados nos lugares políticos são incompetentes?

António Costa, nas últimas eleições legislativas, não queria que o PS ganha-se por poucochinho e acabou por perder. Enquanto governante merecia ver o seu mandato renovado, mas, se não vier a terreiro assumir o erro, correr com os oportunistas, sou de opinião que não ganha as eleições. Este assunto chega às legislativas, não cai no esquecimento, não basta fazer como a abestruz e meter a cabeça na areia. Nesta troca de argumentos, há um caso hilariante que vai ficar a ser lembrado por muito tempo. Carlos Cezar, depois da polémica enquanto Presidente Regional dos Açores, viagens e agora a quantidade de familiares em cargos públicos, diz mais ou menos isto (citação de ter ouvido): - é normal que algumas famílias por razões históricas e familiares se interessem mais pela causa pública. É de um despudor inqualificável a forma sobranceira, desrespeitosa como trata este assunto e os portugueses, isto é aproveitamento, é oportunismo é confundir o Estado com a sua pessoa é o vale tudo, até pensar que não carece de dar justificações a quem lhe paga o vencimento. Existem pessoas que nem necessitam falar para causar danos mas, quando falam, os estragos multiplicam-se.

A oposição sem argumentos fundamentados para questionar a governação e incapaz de dar alternativas governativas, alimenta as questiúnculas. É a política Portuguesa.

Nestas eleições, aos candidatos a deputados do PE, exigia-se que discutissem o Brexit, Renegociação da PAC, PCP, Politica Financeira e Defesa, Ambiente, Barreiras á entrada de produtos produzidos fora da EU, Federação EU, Meios de transporte, Internet (privacidade), expulsão de Países que estão a ter um afastamento da democracia, alargamento, que idioma se vai adoptar depois do Brexit, faz sentido continuar o Inglês?, etc. Assuntos pertinentes existem, queiram discuti-los.

A EU não é de somenos importância, estas eleições deveriam ser encaradas pelo que valem e não para mensurar o governo e as politicas.

Baptista Jerónimo


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