Henrique Ferreira

Henrique Ferreira

O Big-Bang exige um criador?

O Papa Francisco afirmou hoje que “O Big Bang, que é designado como a origem do mundo, não contradiz o acto divino da criação. Em vez disso, exige-o” (Público online, 28/10/2014, 23h00, O Big-Bang exige um criador).

Como professor de Filosofia, digo que temos aqui um tema excelente para a distinção entre Ciência, Filosofia e Religião. A Ciência vai conhecendo e explicando as coisas e fica-se por aí. A Filosofia começa no conhecimento e nas explicações da ciência e procura os porquês de ser assim ou assado.

Neste caso, uma vez que já temos como provável, no paradigma da nova ciência, uma ciência de probabilidades, que houve um Bib-Bang inicial para gerar a força necessária à expansão do universo, podemos interrogar-nos sobre 1) por que é que houve esse Big-Bang?, 2) qual a força que o gerou?e 3) o que podemos fazer enquanto não soubermos o que aconteceu?.

A primeira e a segunda questões são questões filosóficas que, à medida que forem sendo resolvidas do ponto de vista da causalidade e da probabilidade científica, passarão a ter respostas científicas. Estas possíveis respostas desencadearão, provavelmente, novas perguntas filosóficas.

A terceira questão, o que podemos fazer enquanto não soubermos o que aconteceu? é do domínio da religião. Entra aqui de novo o Papa Francisco. É preciso um sentido para o universo e para o homem, para que as nossas existências individual e colectiva tenham sentido. Deus resolve-nos este problema. Por isso Ele é necessário, seja na forma do Deus racional dos cristãos, dos judeus, dos muçulmanos, dos budistas e dos confucionistas, seja na forma de divindade mitológica. Em qualquer delas dá um sentido à nossa existência à procura de respostas.


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