Manuel Igreja

Manuel Igreja

O Ambiente

O planeta azul a que deram o nome de Terra, é o que nos coube ter para habitar enquanto atravessamos este vale que será de lágrimas, mas que também é pradaria de muitos sorrisos entre o momento em que mal abrimos os olhos para ver, até ao instante em que definitivamente os encerramos para fenecer.

Daí resulte que cuidar dele e não deixar que alguém o estrague para lá dos limites razoáveis, seja inequivocamente uma obrigação individual germinada na inteligência e na noção de que ele que não é nossa propriedade e nos foi entregue para usufruto com a premissa de ser legado aos vindouros que nos espreitam e nos julgarão.

Até agora, que é como quem diz, até há umas décadas, a questão nem sequer se colocava. A pobreza entre os habitantes e as desigualdades perpetradas eram tantas e de tal cariz, que tudo o que se extraía enquanto recurso não era de molde a causar mossa na linda esfera que roda sem parar em redor do astro rei chamado sol.

Sucedeu, no entanto, que a páginas o saber adquirido foi permitido o surgimento de novas coisas de uso diário que de imediato se tornavam hábito, refinando-se formas de atividade económica que sendo novas não deixaram de utilizar a velha meta de quanto mais lucro melhor sem que os meios para os fins sejam impeditivos.

Aconteceu e acontece também que sobre a Terra somos cada vez mais em número, em qualidade e em exigências. Apesar da desigualdade se vincar, existem e bem cada vez mais pessoas a viver menos mal. Anualmente milhões de seres humanos vão ficando com a barriga um pouco mais aconchegada e o quotidiano um pouco melhorado.
A utilização do potencial do planeta está no máximo, com ele a ficar exaurido e a arrastar-se cambaleante para o lume que queima. Mesmo senhor de muita sabedoria científica, o ser humano coloca de lado a outra que leva ao ponto do bom-senso sem que muitos a atinjam. Como se não houvesse amanhã explora-se tudo o que existe sem olhar como, quando e aonde.

Entregue o leme da nau a bandoleiros engravatados e gananciosos a quem nada custa roubar a decência alheia por nunca de alguma terem sido possuidores, vai o barco num rodopio ao sabor dos ventos da insanidade sem a bússola da moral e dos bons costumes.

A geração que começa a despertar para as coisas da vida está a ver o precipício e alerta. Manifesta-se e adere a uma causa que sente como sua, condenando o desmando e a inércia. Exige que a casa cujos locatários são em número mais do dobro num século lhe venha a ser entregue equilibrada e arrumada.

Ainda bem. Mas a semente da demagogia floresce aproveitando o terreno fértil e propício. Com desnorte é-lhe apontado o Norte e falsamente é-lhe indicada a estrela polar. Discursos sem textura e sem lisura ocupam o lugar dos discursos repetidos e sem efeitos sortidos.

Findo dizendo que o problema do Ambiente é meu e seu. Nunca o esqueça se ainda não o esqueceu. Devemos exigir que as grandes corporações tenham ações, mas individualmente não são menores as nossas obrigações de outras atitudes e de outros hábitos. Dizem os sábios.


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