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Novelas e tristes realidades

Retrato de igreja
Manuel Igreja

Novelas e tristes realidades

Numa das inúmeras telenovelas com que as televisões nos vão entretendo, existe uma, a “ Amanhecer ”, que tem o seu enredo centralizado na região do Douro, mais concretamente na zona da Régua e Poiares.
A páginas tantas da história, aparece uma soberba quinta que porque não consegue vender o seu vinho, corre o risco de ter de ser vendida mais ou menos ao desbarato. Para evitar o descalabro, só a boa vontade de um comprador de vinhos que quase a modo de jeito adquire o stock da propriedade, poderá valer ao proprietário.
Quase me apetecia dizer que conheço semelhante história de algum lado, e não andaria muito longe da verdade, se dissesse que conheço não alguém, mas muitos, que nestes dias se vêm em iguais aflições. Aliás, basta uma pessoa saber do que por aí se passa, para logo deduzir das mil aflições que por aí devem ir.
No entanto, não me parece que isso importe muito a quem deve importar, e nem vejo a crise de uma região ser tratada com a atenção devida, mesmo a nível nacional, apesar da enorme importância económica que o Douro representa, ou não se produzisse aqui uma das maiores riquezas nacionais, e aqui não nascesse um dos principais embaixadores de Portugal, obviamente o vinho fino, baptizado de vinho do Porto.
Bem, mas vou voltar à telenovela, que é essa a minha ideia inicial, para contar uma peripécia passada recentemente com um amigo meu no consultório de um médico na cidade do Porto.
Naquela conversa de circunstância que sempre se estabelece com a empregada, do tipo, hoje se não chover vai estar um rico dia, quando a senhora se apercebeu que o meu amigo era da Régua, perguntou-lhe se existia mesmo uma aldeia chamada Poiares, e se as coisas cá por cima estavam mesmo assim mal, ao ponto de se venderem quintas por se não escoar o vinho.
Às questões, o meu amigo só poderia ter respondido afirmativamente, como está infelizmente bom de se ver, no que toca à segunda, claro, pois em relação à primeira, ainda bem que existe aquela simpática terra no concelho do Peso da Régua, mais badalada agora por via da telenovela, do que durante os já não poucos séculos da sua rica existência.
A coisa até nem tem assim um grande interesse, se vista somente em si mesma, convenhamos. Mas se eu para aqui a trouxe, é porque julgo que por esta pequena estória, podemos chegar à conclusão da pouca atenção que nos ligam por aí afora, por um lado, e à importância que tem o por vezes se apoiarem iniciativas como esta de uma telenovela de historietas aparentemente sem
relevo, e com conteúdo quase nenhum.
É triste, mas para que o país profundo como se costuma dizer, saiba daquilo que aflige uma das mais badaladas regiões nacionais, reconhecida como Património da Humanidade, é necessário misturar-se ficção com realidade, ainda por cima ficção do nível que se sabe, com todo o respeito pelos senhores que a produzem.
O que falha em tudo isto, que o diga quem o saiba, ou quem for doutor em sociologia. Eu para mim, só digo que algo vai mal neste reino que não é da Dinamarca nem com isso se parece, tanto em termos nacionais, como em termos regionais, e que a ir por este continuar, por certo muito tempo não levará a que se pereça cada vez mais com um desse países de opereta do reino do absurdo e da pior fantasia.
Valha-nos ao menos a possibilidade de irmos comendo aquela broazinha estaladiça que também surgiu na telenovela e que deliciou a dita senhora cuja vida se passa entre o ver os buracos na agenda do senhor doutor. Diz ela que temos uma sorte danada em termos essa possibilidade.
Nisso, também eu concordo com ela. Só espero que por causa de certas coisas, um dia destes não tenhamos de andar para aí a fazer sopas de cavalo cansado com a broa, como maneira de darmos sumiço ao muito vinho que por aí há, e que parece que ninguém quer comprar.
Mas pode até ser bom. Pode ser que assim fiquemos todos grossos, e deixemos de lado a mania de que somos finos. Se isso suceder, por certo deixaremos o nosso mundo de aparências e de engana tolos, e iremos à conquista da justiça a
que temos direito, única maneira quem sabe, de evitarmos a venda da quinta comum que se estende por mais de vinte concelhos neste Vale esquecido, que não é de telenovela mas de uma triste realidade.

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