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No melhor pano…

Retrato de fernando
Fernando Campos Gouveia

No melhor pano…

No fim de mais uma época futebolística, o Futebol Clube do Porto chega à meta como grande vencedor a cinco jornadas do fim, deixando os adversários mais directos a lutar por um segundo lugar. É bonito, é um grande sucesso desportivo, que se soma a dois sucessos nas épocas anteriores, consumando mais um ciclo de três vitórias sucessivas.

Esta é uma marca das grandes organizações europeias de futebol, como as consagradas equipas inglesas, italianas e espanholas, a que se juntam uma meia dúzia dos principais símbolos de outras cidades por essa Europa fora. É também o sucesso definitivo do futebol como actividade empresarial, bem distante dos ideais do desporto pelo desporto que caracterizou a modalidade até meados do século passado.

O Porto emerge assim como um símbolo representativo do futebol português, que se impõe ao respeito dos seus pares europeus de alto nível. Tudo isto traz glória, traz fama, traz proveito. Os seus jogadores são cobiçados, a equipa é justamente respeitada, a cidade dá-se ao sonho e utiliza o sucesso como bálsamo das suas feridas, que, para um observador objectivo, são muitas.

Gostaria de falar um dia do Porto como uma cidade histórica voltada para o futuro, dinâmica, ousada, atractiva, europeia. Infelizmente, alguns poucos momentos de passagem, em que magníficos reflexos de sol e Douro nos despertam a alma para uma emoção de reencontro são suplantados por gritantes abandonos urbanísticos e sinais dum conformismo de miséria, não são suficientes para consolidar à primeira vista uma impressão necessária de bom gosto, de bem estar, de bem viver. A sala de visitas de luxo que é a sua principal avenida está sem vida, numa inutilidade económica visível. Mas voltarei a isto um dia destes.

Porque, num dia em que o F C Porto festeja a sua justa vitória, é de dentro que vem a nódoa e na pessoa do seu primeiro representante. Não sei o que dá aos dirigentes das empresas de futebol quando lhes sobe o poder à cabeça. Mas é verdade que eles não são dirigentes como os demais empresários. E não discuto aqui os actos de gestão, mas os actos de comunicação. Já viram discussões entre empresários de outras actividades ao nível da sargeta em que se situam as disputas entre dirigentes de empresas de futebol?

O que é o futebol senão uma actividade empresarial, com este enigma singular de que a concorrência entre empresas faz vibrar os seus clientes respectivos? Pois já alguém viu uma luta tão feroz entre os utilizadores de telefones começados por 96 com os utilizadores cujos números começam por 91 ou 93? Ou entre os possuidores de marcas diferentes de automóveis? Ou entre os espectadores de canais de televisão diferentes? Ou mesmo entre os militantes de partidos diferentes, exceptuados neste caso os curtos períodos de campanha eleitoral? O que é o enigma do futebol?

Diz-se que o futebol é paixão. Mas paixão por quê? Pelo jogador tal ou tal, pela equipa, pelo treinador, pela cor da camisola, pelo emblema, ou por tudo isso ser uma realidade de casa, nada e criada nas proximidades da nossa dor, da nossa alegria, da nossa vida? Que explique quem souber. Tenho para mim que o estímulo do adepto é qualquer coisa que vem da infância e não se liga exclusivamente a nenhum dos referidos factores. No meu caso, tenho a certeza que foi uma camisola verde às riscas que um tio meu por afinidade, internacional nos anos trinta, me ofereceu quando eu mal conhecia os nomes dos quatro grandes de então. Isso e uma bola, e o entusiasmo de jogar com uma bola a sério em vez das bolas de trapos feitas com velhas meias de senhora.

Com a mesma serenidade com que aprendi a viver com as recordações da infância, aprendi a viver com os fracassos frequentes do meu clube do coração, na esperança duns momentos de alegria muito de vez em quando. Não me dá essa paixão para os arrebatamentos de alma que fazem os grandes conquistadores ou os grandes vingadores. Racionalizada, contida nos interstícios da alma, aflorada por vezes numa explosão momentânea duma vitória ou dum golo genial, a minha paixão clubística é civilizada, leal, contemporizadora. E não me digam que vivo em águas mornas. Não. Aprecio o jogo, a técnica, a bancada emotiva, o ambiente que antecede o jogo, aquelas piadas que os verdadeiros adeptos lançam, como em batalhas de flores, aos adeptos adversários. Mas não entendo o radicalismo acéfalo das turbas e muito menos a peixeirada verrinosa dos dirigentes.

O que me entristece hoje, humilde adepto dum clube em dificuldades, não é a glória do F C Porto; nem a justa vitória da sua equipa; nem o orgulho dos seus adeptos, nem a festa pelas ruas da cidade; nem o agitar eufórico das bandeiras; nem os clamores inflamados da consagração. O que me entristece é um discurso de ódio primário proferido pelo seu presidente em São João da Madeira, numa mistura sórdida de populismo com que pretende obviamente proteger-se e insulto soez aos adversários e instituições. Ao tratar com nomes irrepetíveis os seus adversários, ao desafiar com arrogância a ordem dos valores, da moralidade e da justiça, ao conclamar ao ódio e ao bairrismo divisionista um suposto norte virtuoso contra um sul diabólico reduzido à condição dos vermes, o presidente do F C Porto é o único que não merece esta vitória. Mesmo que tenha trabalhado para ela. Há pecados que conspurcam todo um percurso de virtude. O Porto não merecia esta nódoa.

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