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Nó górdio

Retrato de fernando
Fernando Campos Gouveia

Nó górdio

Num momento em que a disputa eleitoral está ao rubro e o tom dos discursos de campanha ganha uma agressividade crescente, sem, aliás, adiantar grande coisa à análise da situação política, seria desejável que os cidadãos mantivessem a frieza que os políticos perderam. Sabemos há muito, pelo menos desde que se fazem eleições livres em Portugal, que as campanhas prometem muito, mas os frutos são escassos. Nos poucos actos eleitorais que pareceram mudar alguma coisa, por terem produzido maiorias claras face a equilíbrios precários anteriores, a ilusão de estabilidade e progresso viria a terminar no fim dos ciclos legislativos em amarga desilusão. Permito-me transcrever aqui um parágrafo que escrevi numa crónica a seguir à vitória do Partido Socialista, com maioria absoluta, nas eleições de 2005:
/”Sócrates não terá qualquer desculpa para não governar. Tem as mãos livres para escolher os melhores, tem apoio político que lhe garante estabilidade, ninguém lhe contesta uma certa autoridade para impor as soluções necessárias; mas tem de ter cuidado com as danças de cadeiras, as tentativas de retribuir favores e benesses em função de critérios partidários ou de expectativas de fidelidades e apoios. O diálogo construtivo é necessário, mas não pode impedir a eficácia das decisões. A irresponsabilidade e o laxismo nos cargos públicos têm de ser combatidos com vigor. Os gestos simbólicos, mesmo sem grandes efeitos em termos económicos, podem ser importantes quando se pedem sacrifícios aos cidadãos: há que ter uma certa modéstia nos privilégios, há que combater exuberâncias na vida social que não tenham correspondência numa vida cívica limpa, há que evitar investimentos de fachada, há que limitar acumulações injustificadas de proventos públicos e de reformas milionárias, há que pedir contas a empresas públicas e concessionárias e aos seus gestores, há que exigir às empresas, sobretudo às mais representativas, uma transparência exemplar.”/.

Sabemos como terminou a legislatura: com um governo sem fôlego, desacreditado, não essencialmente pela impopularidade de algumas reformas, mas pelas fraquezas evidenciadas ao nível da ética política, já que diversos casos mal explicados deixaram pairar dúvidas na opinião pública sobre a seriedade dos agentes políticos. E a única razão que o salvou de uma derrota humilhante foi eventualmente algum desacerto na direcção do maior partido da oposição. O PS ganhou de novo, mas sem maioria, e já então teve dificuldades para fazer passar o seu governo minoritário. Adivinhava-se que dificilmente chegaria ao termo do mandato. Apesar disso, conseguiu apoio para aprovar os principais instrumentos da acção governativa, vindo a demitir-se ao forçar a passagem em força do famoso PEC4. O que ficou deste governo, apesar de algumas reformas corajosas, designadamente na racionalização dos serviços de saúde e da rede escolar, foram os escândalos financeiros, a promiscuidade obscena entre o poder e os interesses privados, o favorecimento descarado de fiéis e clientelas, a cedência cúmplice ao apetite da Banca e de grandes empresas de obras públicas.
Acresce a isto o estilo do primeiro-ministro: arrogante no discurso, malabarista na comunicação, maldoso na deturpação do discurso alheio, avesso às respostas claras e propenso ao contra-ataque a todos os que legitimamente o interrogam, seja no Parlamento ou nas entrevistas, numa contradição flagrante entre o discurso inflamado dos comícios e a acção política efectiva. Deixa a impressão de não ter a capacidade política necessária, mas apenas a capacidade de comunicar aquilo que não é, aquilo que não domina, a capacidade de efabulação de programas cor-de-rosa que não cumpre, que não pode cumprir nem tem intenção de cumprir. Sócrates fica marcado no termo deste mandato como um dos maiores equívocos da política portuguesa depois do 25 de Abril. E este é um problema que o PS tem de solucionar.
O PS é indiscutivelmente o partido que teve a maior base potencial de apoio ao longo das últimas quatro décadas. As classes sociais que constituem a pequena e a média burguesia urbana, uma parte muito grande dos funcionários e empregados de serviços, parte considerável dos intelectuais, muitos profissionais liberais e até quadros de topo revêem-se no Partido Socialista. Claro que nem todos se revêem da mesma forma, e somos tentados a dizer que alguns se revêem no partido por causa do programa e outros se revêem no partido, apesar do programa, por causa da prática concreta da governação. Isto pode explicar a última vitória partidária de Sócrates com uma maioria esmagadora, quase com uma incómoda unanimidade. O PS continua a apoiar Sócrates, mas nem todos esperam dele a mesma coisa e nem todos acreditarão que ele constitui a solução para o país. Evidentemente, não é aos adversários políticos que cabe resolver esta questão, mas aos militantes do partido. Os adversários, no entanto, têm o direito de tirar daí as suas ilações e orientar a sua estratégia política em função disso.

O certo é que, neste preciso momento eleitoral, o sistema político, a acreditar nas sondagens, está bloqueado. O programa que foi imposto ao país foi aceite por três partidos. Só eles o podem executar, se ganharem as eleições. Mas dificilmente poderão executá-lo se não conseguirem um consenso maioritário. Ora, dois dos partidos não aceitam governar com Sócrates, que se tornou assim o nó górdio da política portuguesa.

Sabemos como se desatou o nó górdio da lenda: com um simples golpe de espada. Para situações complicadas, respostas simples e eficazes. E das duas uma: ou o PS cria condições de consenso, cortando o nó górdio, ou terá de ser o povo a fazê-lo, mandando o PS para a oposição.

Não desenvolvi as alternativas à esquerda: a esquerda tem a generosidade e a abnegação do povo, tem apresentado alternativas que saem das estreitas baias em que se move o liberalismo triunfante, o que significa que o programa da esquerda implicaria rupturas difíceis, corajosas, num contexto político em que Portugal já não é dono e senhor do seu destino. O povo dirá o que pretende quando tudo ruir. Mas, nesse momento, o preço será muito mais doloroso.

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