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A Morte da Política (II)

Retrato de fernando
Fernando Campos Gouveia

A Morte da Política (II)

Na crónica que há duas semanas publiquei neste espaço com o mesmo título que hoje retomo, afirmava, em resumo, que a política perdera os meios da sua intervenção na sociedade e que o mercado tomara a iniciativa de conduzir os destinos da sociedade, provavelmente para o abismo, seja este abismo um caos social generalizado ou uma tirania do capitalismo.

Alguém cujos escritos muito prezo, objectou-me que a política estava apenas em crise e que eu não propunha nenhum modelo, parecendo que propugnava o regresso a un certo socialismo. Talvez quinze dias de reflexão me permitam avançar mais um pouco na crítica do sistema que então fiz. Mas não me peçam modelos. Disso tratam os académicos, com mais ou menos sucesso.

Antes de mais, não me proponho imaginar modelos sociais ou económicos, mas suscitar a consciência cívica para o que penso ser, perigosamente, o descalabro da democracia. É que, como dizia e hoje reafirmo, a democracia representativa tornou-se uma forma de usurpação do poder que aos cidadãos pertence. E isto não apenas no nosso país, mas em todo o espaço que a si mesmo se apregoa de civilização ocidental. Os factos recentes comprovam-no, e não sou o único a afirmá-lo.

Vimos a reacção dos políticos europeus ao voto dos irlandeses, que recusaram o Tratado de Lisboa. Duma meneira geral, foi a mais ignominiosa demonstração do desprezo dos tecnocratas no poder pela vontade livre e soberana dum povo. E bem se sabe que outros povos da Europa, se fossem chamados a votar, votariam como os irlandeses. Ou seja: os tecnocratas usurpam o legítimo poder do povo para, contra a sua vontade, fazerem avançar um modelo que os europeus não querem, ou, pelo menos, que os europeus querem discutir eles próprios. A esse propósito, a camuflagem do projecto constitucional chumbado por franceses e holandeses para o fazerem passar por um tratado novo, simplificado e, logo, para o subtraírem aos referendos foi uma habilidade de bastidores que bem mereceu o chumbo dos irlandeses. (Veja-se sobre o assunto a excelente crónica de João César das Neves no Diário de Notícias de ontem).

Por outro lado, os coriféus da nova ordem liberal que episodicamente ocupam as cadeiras do poder, reunidos em conselho, não foram capazes de dar um passo na resolução das importantes questões do momento, designadamente na magna questão da energia. E continuam a fazer floreados à volta da questão: tentar negociar com os países produtores, arranjar as tais mezinhas de curandeiro para situações extremas, e continuar a fingir que não vêem a autêntica pouca vergonha em que se tornou o mercado. Um dos mais sagazes (e manhosos) comentadores da nossa TV, António Vitorino, esteve quase a largar a palavra maldita, ao interrogar-se sobre se há ou não especulação e ao admitir que são os contratos de futuros negociados em bolsa de mercadorias que provocam a espiral especulativa. A palavra maldita chama-se intervenção no mercado, e é disso que os liberais que são quase todos os políticos europeus não querem ouvir falar, porque isso ofende os sacrossantos princípios da cartilha que juraram defender. Só uma questão, para que se perceba a hipocrisia: Por que razão não pode uma organização com a força económica da Europa tratar a questão do petróleo como trata a questão dos combustíveis nucleares? A quem chocaria hoje que a Europa instituísse uma agência capaz de negociar directamente a questão do petróleo sem a intervenção dos especuladores? Não foi por causa de matérias-primas fundamentais como o carvão e o aço que se criou a primeira Comunidade Europeia? Ninguém se lembrou disto?

Os países produtores de petróleo responderam com razão: a produção é suficiente para as necessidades. Acabem com a especulação nos vossos países.

É claro que a questão dos combustíveis tem uma outra vertente, pois é a galinha dos ovos de ouro dos orçamentos europeus. Pouco a pouco, os impostos sobre os combustíveis passaram a representar uma enorme fatia dos recursos orçamentais, o que permitiu reduzir os níveis de fiscalidade sobre os lucros das grandes empresas. E isto também não é de bom tom confessá-lo. Pagam os cidadãos contribuintes em geral para poupar os lucros astronómicos dos grandes grupos.

Como não me parece que os políticos sejam capazes de se regenerar no sentido de se colocarem ao serviço da maioria dos cidadãos, sou pessimista quanto às virtudes da política. A não ser que os cidadãos a tomem como coisa sua. Veremos o que será necessário para isso. A procissão vai no adro mas já fez muitas vítimas. Veremos qual a flexibilidade da resignação.

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