Carlos Ferreira

Carlos Ferreira

L Seguro Morriu de Bielho

(mirandés) L Seguro Morriu de Bielho

Porquei nas nuossas sociadades modernas i zambulbidas, subscrebimos apólices de seguro, muitas deilhas oubrigatórias por lei? Porque las dúbidas i ancertezas fázen parte de l die a die de l mundo! Fazer un seguro, ye, portanto, un modo de partilhar essas ancertezas, pagando un cierto valor an dinheiro.

Nós queremos siempre certezas absolutas, mas las ancertezas i las dúbidas eisistiran siempre: na bida, na política, na eiconomie, na ciéncia…! I alguns sfergantes de certeza que poderemos tener, l passar de l tiempo, ancarrega-se de las deixar fuora de tiempo! Quando percebiu esso, ne l seclo XVII, René Descartes, cunsidrado l purmeiro grande pensador moderno, pai de la filosofie i de la matemática moderna, teorizou subre la “dúbida metódica”.

Por bien que mos purparemos, nunca staremos cumpletamente purparados. Por esso mesmo, tamien ne l seclo XVII, Galileu Galilei, teorizou subre l percípio de la relatibidade, splicando que to l mobemiento ye relatibo, porque nada puode serbir de puonto de referénça absoluta. Yá ne l seclo XX, l grande físico Albert Einstein, dixo que todo stá an mobemiento, por esso mesmo, todo ye relatibo i, por redundáncia, nada ye absoluto. Solo poderemos dezir que somos grandes ou pequeinhos, ricos ou probes, se mos acumpararmos cun algo, i sendo assi, un pessona manca, puode ser cunsidrada chena de suorte quando acumparada a ua pessona tolhida.

Las cibilizaçones celtas pré-romanas da la nuossa region, ls Zoelas, nun tenien propiadade pribada, i prebelegiában la sobrebibença de la quemunidade, an çfabor de la subrebibénça de la pessona singular: a esso cháman hoije comunitarismo agrário. Apuis ls romanos traírun cun eilhes la propriadade pribada, i l andibidualismo fizo camino civilizacional, até atingir l sou spoente mássimo ne ls nuossos dies, an que la competitibidade i l andibidualismo, tomórun cuonta de la cibilizaçon atual.

Esta pandemie, bieno amostrar-mos que tanto a nible ouropeu cumo global, somos ua grande quemunidade an que dependemos todos uns de ls outros! Stamos, portanto, oubrigados a çcuntruir ciertos dogmas que fumos custruindo al lhargo de muitos seclos, i quanto mais debrebe melhor, cumo por eisemplo: cad’un que se zanrasque por si!

I nun hai que querer tornar a trás, buolber al alegremente solos nua triste i falsa soberanie, ou al pseudo Stado de bein-star-social, tornar a la defesa de ls serbiços públicos i totalmente acontra las pribatizaçones, custruir agora ua zmundializaçon, tresformar-mos todos an antineoliberalistas, nó, nada desso. I nien sequiera percisamos ir a tener cul feturo, porque de to las maneiras, el benerá cun certeza a tener cun nós. Somando todo l que la Stória mos ansina, percisamos mesmo, ye dua nuoba política: más solidária social i territorialmente. Por todos, poderemos fazer un seguro muito melhor!

 

(português) O Seguro Morreu de Velho

Porquê nas nossas sociedades modernas e desenvolvidas, subscrevemos apólices de seguro, muitas delas obrigatórias por lei? Porque as dúvidas e incertezas fazem parte do dia a dia do mundo! Fazer um seguro, é, portanto, um modo de partilhar essas incertezas, pagando um certo valor em dinheiro.

Nós queremos sempre certezas absolutas, mas as incertezas e as dúvidas existirão sempre: na vida, na política, na economia, na ciência…! E algumas certezas conjunturais que possamos ter, o passar do tempo, encarrega-se de as deixar fora de tempo! Quando percebeu isso, no século XVII, René Descartes, considerado o primeiro grande pensador moderno, pai da filosofia e da matemática moderna, teorizou sobre a “dúvida metódica”.

Por bem que nos preparemos, nunca estaremos completamente preparados. Por isso mesmo, também no século XVII, Galileu Galilei, teorizou sobre o princípio da relatividade, explicando que todo o movimento é relativo, porque nada pode servir de ponto de referência absoluta. Já no século XX, o grande físico Albert Einstein, disse que tudo está em movimento, por isso mesmo, tudo é relativo e, por redundância, nada é absoluto. Apenas poderemos dizer que somos grandes ou pequenos, ricos ou pobres, se nos compararmos com alguma coisa, e sendo assim, uma pessoa coxa, pode ser considerada cheia de sorte quando comparada com uma pessoa tetraplégica.

As civilizações celtas pré-romanas da nossa região, os Zoelas, não tinham propriedade privada, e privilegiavam a sobrevivência da comunidade, em detrimento da sobrevivência da pessoa singular: a isso chamam hoje comunitarismo agrário. Depois dos romanos trouxeram com eles a propriedade privada, e o individualismo fez caminho civilizacional, até atingir o seu expoente máximo nos nossos dias, em que a competitividade e o individualismo, tomaram conta da civilização atual.

Esta pandemia, veio mostrar-nos que tanto a nível europeu como global, somos uma grande comunidade em que dependemos todos uns dos outros! Estamos, portanto, obrigados a desconstruir certos dogmas que fomos construindo ao longo de muitos séculos, e quanto mais depressa melhor, como por exemplo: cada um que se desenrasque por si!

E não há que querer voltar a trás, voltar ao alegremente sós numa triste e falsa soberania, ou ao pseudo Estado de bem-estar-social, voltar à defesa dos serviços públicos e totalmente contra as privatizações, construir agora uma desmundialização, transformar-nos todos em antineoliberalistas, não, nada disso. E nem sequer precisamos ir ter com o futuro, porque de todas as formas, ele virá com certeza a ter connosco. Somando tudo o que a História nos ensina, precisamos mesmo, é de uma nova política: mais solidária social e territorialmente.

Por todos, poderemos fazer um seguro muito melhor e muito mais barato!

 

Pintura Manuel Ferreira: Sfergante antre lhuç


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