Luis Ferreira

Luis Ferreira

Juventude desnorteada

A Europa está sob uma pressão enorme e implacável. Os últimos tempos têm sido terríveis, repletos de vivências inimagináveis e de incontroláveis atitudes por parte de quem não tem qualquer noção sobre o valor da vida humana.
 
A verdade é que o velho continente é cobiçado quer pela sua cultura, quer pela sua situação no contexto económico mundial, pela importância estratégica que inegavelmente usufrui e além disso, como objeto de uma vingança desmesurada de base racista e religiosa. Se aparentemente isto poderia ser justificável em termos normais, deixa de o ser a partir do momento em que se influenciam mentes jovens incultas e desnorteadas para ações tão execráveis como as que acabámos de ter em Nice e em Munique, para não falar de outras menos mediáticas.
 
Se em Nice houve uma ligação entre o indivíduo que resolveu atropelar a multidão que festejava o dia da liberdade e o auto proclamado estado islâmico, já em Munique parece não existir tal conexão. Contudo, a juventude do primeiro, está bem patente no segundo, pois se um tinha cerca de trinta anos o outro tinha dezoito, ou seja, se o primeiro se deixou manipular por um ideal atópico, o segundo deixou-se influenciar por uma tendência recalcada que resolveu extroverter em quem não tinha culpa nenhuma. Afinal que juventude é esta?
 
Indiscutivelmente, a Europa está sob um fogo cerrado de indivíduos criados em cativeiro como se de animais se tratasse, com o único objetivo de servirem de armas de arremesso contra tudo o que habita neste continente. Como não se conseguem mentalizar facilmente as mentes já formatadas e mais velhas, agarram-se as mais novas, as mais desnorteadas e desequilibradas, que mais facilmente podem ser formatadas a seu bel-prazer para, sem qualquer pudor, se atirarem aos leões em pleno circo para gozo deles próprios e para mal dos que quase não chegam a vê-los desfazer-se em pedaços. Estes jovens têm de estar forçosamente muito desnorteados!
 
Realmente, o que leva um jovem a pegar numa arma e começar a atirar sobre as pessoas que passam à sua frente? Que gozo poderá retirar dessa atitude? E que quereria ele provar com essa maluquice? Pior do que isso, que pretendia ele demonstrar se a seguir se suicidou? Nada, absolutamente nada. Somente a prova de que era completamente desnorteado e o seu desequilíbrio serviu para matar nove pessoas, não retirando daí nenhum benefício próprio. 
 
Em todos os casos de atentados que temos visto na Europa, nenhum dos protagonistas retirou qualquer benefício ou qualquer outro estímulo posterior já que simplesmente foram mortos ou se suicidaram para não serem apanhados e julgados. Isto é o que eles não querem. Isto é obra de uma juventude equilibrada? Não, com toda a certeza. Mas se isto mostra desequilíbrio o mesmo demonstraram os Kamikaze japoneses da segunda guerra mundial, muito embora estes não tenham sido possivelmente mentalizados numa espécie de cativeiro de guerra para se suicidarem a seguir contra os navios inimigos e, também não tinham a esperança de conquistar esta Europa onde os aliados se encontravam. Mas a juventude estava lá como agora está nestes desequilibrados. Uns e outros não provaram nem provam nada a não ser o seu desequilíbrio. É pena gastar a juventude em tão pouco tempo e sem benefício algum, numa altura em que a juventude é mais necessária para tantas coisas bem mais profícuas do que estas atrocidades. 
 
Podemos condenar muitas coisas que a juventude faz como o casal que foi apanhado a fazer sexo na rua em pleno dia em Minsk ou mesmo o chamar ao aeroporto do Funchal, aeroporto Cristiano Ronaldo, o nosso jovem de trinta e um anos, mas estas atitudes têm um propósito de alguma forma válido, embora condenável, mas não matam ninguém. Somente irreverência no primeiro caso e presunção no segundo, já que não foi o Ronaldo que pediu que o seu nome fosse dado ao aeroporto, mas a esse respeito uns concordam e outros não. É o povo a pensar. Mas o desnorte anda por aí. É pena!
 

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