Chrys Chrystello

Chrys Chrystello

Há gente tão distraída que anda há cinquenta anos na lua e nem deu conta

CRÓNICA 274. HÁ GENTE TÃO DISTRAÍDA QUE ANDA HÁ CINQUENTA ANOS NA LUA E NEM DEU CONTA

 

Podia ser assim o início desta crónica, se eu tivesse ido à lua há cinquenta anos com Neil Armstrong e lá tivesse ficado, sendo agora confrontado no regresso, com este mundo louco em que a desintegração da sociedade ocidental arrasta consigo princípios e valores, criando novos robôs ou zombies, novos paradigmas da sociedade, novos escravos com a designação de colaboradores, em que ressurgem fantasmas de nazismo, racismo, xenofobia, egoísmo, mentira, manipulação, a um nível que há muito julgávamos arredados. Afinal, como diz o outro, apenas estalou o verniz primitivo.

 A resiliência do planeta irá, decerto, sobrepor-se ao Especismo (Espécie + ismo é o ponto de vista de que uma espécie, no caso a humana, tem todo o direito de explorar, escravizar e matar as demais espécies. Isto no caso de não haver um cataclismo causado por um asteroide ou outro similar, um deflagrar nuclear, uma nova guerra mundial ou qualquer catástrofe que aniquile esta espécie como a conhecemos e que dará lugar a uma outra, como parece ter acontecido vezes sem conta, ao longo da história).

Apesar de ser basicamente otimista e não ser costume meu queixar-me, sou extremamente crítico de tudo o que está mal, e que podia e devia estar melhor, seja na saúde, na educação ou na justiça. Tenho uma fobia extrema contra as injustiças e iniquidades.

Comecemos pela corrupção, hoje endémica em muitos países, mas aparentando ter Portugal como um dos sítios privilegiados por tradição e consciente vontade daqueles que o governam. Muitos são os acusados, mas poucos os condenados por leis feitas à medida e prescrições para todos os gostos.

No campo da violência doméstica, pedofilia, abusos contra cônjuges, crianças e velhos, começa Portugal a sobressair na tabela, em especial quando os juízes denotando um machismo medieval mandam os culpados em paz, para casa, com penas suspensas. Quantas mulheres mais terão de morrer, ser assaltadas e feridas para este tormento parar? Quantas crianças mais terão de ser molestadas até que os juízes sejam justos?

No campo do único desporto nacional tratado como religião, o futebol, assiste-se ao mais despudorado negócio de compra e venda de jogadores e treinadores, que são idolatrados como se fossem deuses duma qualquer religião de fanáticos que assim são melhor manipulados pelas elites dirigentes.

No que à educação diz respeito há professores a morrerem de “burnout”, outros a quererem fugir das escolas, alunos que não querem aprender, dirigentes a inventarem novas práticas que sempre melhoram as estatísticas sem aumentarem os conhecimentos ou a exigência e o presente a trazer-nos uma nova geração diplomada e soberbamente ignorante.

Dito isto, o melhor é hibernar ou voltar para a Lua de onde nunca devia ter saído.


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