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Futebol a branco e preto

Retrato de fernando
Fernando Campos Gouveia

Futebol a branco e preto

É melhor falar das coisas friamente e, por isso, agora que os jogadores já estão de férias, após o merecido agradecimento do País, agora que as paixões à volta duma miragem já deram lugar a outras preocupações, agora que a canícula convida ao relaxamento e ao refresco à beira-mar, agora sim, vale a pena reflectir sobre o fenómeno que nos empolgou durante um mês, que despertou paixões e desânimos, esperanças e um certo contentamento com o menos mau.

Futebol devia ser isto: a competição franca, leal, sem subterfúgios, sem bodes expiatórios, sem cartões vermelhos nem amarelos, onde a arte excepcional de artistas de eleição encantasse multidões e estas os coroassem de louros, símbolo da glória dum sucesso suado em campo, com armas iguais e com o merecido respeito aos vencidos.

A selecção foi até onde pôde: no sacrifício e na vontade de vencer; na abnegação e na disciplina. Fez o que lhe mandaram fazer: ganhar jogos e ir o mais longe possível. A selecção é a parte branca deste painel a branco e preto. Claro que faltou ver em campo a arte incomparável dos nossos melhores jogadores, os rasgos de imaginação que ficam para sempre na retina de quem os aprecia, as fintas que fazem história, os golos que levantam estádios. Em vez disso tivemos um bloco disciplinado a jogar à defesa nos jogos mais difíceis, a só demonstrar a sua arte quando era necessário recuperar resultados desfavoráveis, a depender dum golo de meia distância como Maniche os sabe fazer ou dum penaltizito manhoso arrancado a ferros a adversários infelizes. Mas a selecção fez o que lhe mandaram: cumpriu e, para nossa glória, içou-se ao honroso quarto lugar. Quarto melhor do mundo! Qual o sector de actividade que pode dizer o mesmo em Portugal? Ponham os olhos neles, que eles, diga-se o que se disser, são os melhores na sua profissão. Bola branca!

O problema está noutro lado, porque a esta capacidade de ser melhor corresponde uma organização pouco transparente, que se gere em circuito fechado, fora do juízo crítico da lei civil e das autoridades legítimas do Estado. E quando o futebol já se tornou um negócio global de muitos milhões, a falta de transparência significa a protecção de interesses ilegítimos, a formação de poderes obscuros, de seitas, de mafias organizadas, o abuso do poder interno e os consequentes desvios da ética desportiva.

Depois do processo do futebol italiano, ficamos a saber que o futebol é manipulado por dentro, que a verdade desportiva cede perante interesses de grupos, que há dirigentes que compram e vendem resultados, que há árbitros que se vendem, vendendo com isso a credibilidade do desporto. Em Portugal, graças a um apuradíssimo sentido da honra e uma extraordinária eficácia da justiça, isto não poderia acontecer! Vejam lá se podia: então aquela história do apito dourado não foi tudo uma birra de comadres? Tudo limpinho como água cristalina, e venha a justiça e pague indemnizações aos impolutos agentes desportivos envolvidos injustamente num enxovalho montado por mentes invejosas! Está claro: quantos são? Bola preta!!!

Sabe-se, porque se diz nos jornais, que uma organização como a FIFA produz receitas de milhares de milhões, o que permite aos seus dirigentes e apaniguados viver como nababos do petróleo, com ajudas de custo escandalosas e outros privilégios. Uma organização destas tem o desplante de empregar durante o maior evento desportivo centenas e centenas de voluntários sem lhes pagar, o que se configura como uma forma moderna de escravatura! E ninguém lhes diz nada! Bola preta!

Claro que lugares na direcção da FIFA valem milhões. E, para lá chegar, os fins justificam os meios. Começa a ser público como é que aparecem votos de certas federações a eleger certos figurões. Os favores, é claro, pagam-se. Alguém percebeu como é que uma equipa como Trindade e Tobago chegou ao mundial? O senhor presidente da FIFA deve saber! Bola preta!

Depois não se estranhe que o melhor futebol não chegue à final. É que, pelo caminho, há tantos acidentes de percurso, desde as táticas de mata-mata até uns olhares complacentes dum árbitro ou a simples bandeirada dum fiscal de linha, ou uma falta a pedir processo-crime sobre um jogador-chave, ou um cartão vermelho a quebrar a espinha dorsal duma equipa no momento oportuno!...Bola preta!

Finalmente: quem se lembrou de ensombrar a honra dos nossos melhores jogadores ao pretender pagar-lhes o serviço com uma isenção de impostos? O senhor presidente da Federação não tem consciência de que pagar impostos é a honra e a base do direito de cidadania? O senhor presidente do sindicato dos jogadores não sabe que quem costuma pedir isenções de impostos não são os trabalhadores mas os patrões? Quem foi que quiz fazer dos nossos jogadores cidadãos de segunda, daqueles que só mexem uma palha quando sentem o cheiro a gamela? Eu não acredito que rapazes que mostraram tal brio, tal apego às cores, tal união à volta dum objectivo nacional, tal identificação com os sentimentos do povo, rapazes que vimos dar a cara por movimentos de solidariedade, não acredito, dizia, que eles se sintam felizes ao serem equiparados a alguns espertos cuja máxima façanha é fugir aos impostos. Honra aos jogadores. Os espertos que tenham vergonha: bola preta!

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