Quando em 1997 nasceu o Museu do Douro por força de uma lei unanimemente aprovada no Parlamento, uma qualquer fada má lhe deve ter lançado malapata, tantos foram os empecilhos que sucessivamente foram colocados no seu caminho.
Foram tantos e de tanta monta, que passados estes anos, e estamos no final de 2004, ainda não se pode taxativamente afirmar a sua total concretização, e ainda agora por aí correm uns rumores, quando somente já só deviam existir fortes e largos de regozijo clamores.
Obviamente que ninguém se atreverá neste ponto da situação, a duvidar do seu carácter irreversível, e das pernas que terá para andar. Obviamente também, digo eu, que ninguém porá em causa a afirmação de que se chegou aqui, graças ao trabalho de uma qualificada equipa liderada pela pessoa mais indicada e capaz como poucas de levar a bom porto como se levou semelhante projecto.
De questionar, são as razões que fizeram com que logo à nascença, e desde aí até agora, o Museu do Douro se tenha deparado com tantos obstáculos, e tantas má - vontades, que mais parece ter sido arrancado a ferros. Ainda nos lembramos bem das tentativas de uns senhores de Gaia que têm a mania que são donos das coisas do vinho fino ainda que por lá nem uma cepa exista, e não nos podemos esquecer que finda que foi a missão da equipa de projecto depois de vários adiamentos, ainda não está instituída a Fundação que o há-de alicerçar e gerir, conforme diz a lei.
Das motivações dos senhores da terra onde nos guardam o vinho, o fundamento estará no puxar de obra para si que cada qual gosta de puxar. Agora, das outras, só do desprezo pelos assuntos da nossa região por parte do poder central, podem vir as explicações.
Habituado a pouco ou nada nos dar, e a tudo daqui nos levar sob a forma de precioso e valioso produto, o poder central para quem a medida e a justiça das coisas está na força dos votos mais ou menos numerosos, pouco ligou a um projecto que é nada mais nada menos que o único que consegui ser transversal a toda a região, e que a conseguiu unir num objectivo comum desde que há memória e não há exemplo.
Se calhar, também o facto de no seu figurino previsto, o Museu do Douro fugir ao fácil controle político, não seja alheio a tudo o que se viu e ao pouco que se fez. Digo isto, porque não me admira nada que num país onde por hábito o Estado controla as coisas de todos nem sempre bem, mas sempre a proveito de algumas estratégias pessoais ou de grupo, se tente neste caso do Museu, impedir que ele escape a essa lógica.
Aos que influem neste contexto, competirá por certo por obrigação e por devoção, provar que assim não é, que tudo o que escrevi está errado. Nada mais fácil para isso, do que de uma vez por todas e o mais urgente que possam, darem os passos necessários para que se institua a Fundação do Museu do Douro, cujos promitentes fundadores o mais certo é já estarem fartos de estar á espera de uma coisa que não anda nem desanda.