Eu concordo com as portagens

Fui surpreendido hoje pelas declarações de vários presidentes de autarquia municipal do Distrito de Bragança sobre a introdução de portagens em alguns troços da futura Auto-Estrada do Nordeste, actual IP-4 (ver JN, de 30/11/07). Segundo tais declarações, o Governo estará a trair os nordestinos (face às promessas anteriores de não portajar) e a prejudicar o desenvolvimento futuro da economia desta sub-região.
Considero estes argumentos descabidos, com excepção do troço de Parada de Cunhos que, pelo gelo a que é sujeito no Inverno, não se constitui como alternativa à auto-estrada. Donde resulta que a introdução de portagens nos outros pequenos troços, de construção inteiramente nova, mantendo intacto o actual IP-4 como alternativa viária, se me afigura razoável porque coloca o Nordeste em pé de igualdade com o resto do país. Esta introdução de portagem numa pequena parte do trajecto, e apenas nestes três troços, afigura-se-me pois como não ferindo os princípios de justiça e de equidade entre os cidadãos deste país.
Pelo facto de sermos pobres, não estamos isentos de contribuir para a economia do país e não temos portanto direito a reivindicar privilégios que outros não têm. Mesmo se os governos anteriores e o actual cometeram o erro de dizer que não haveria portagens.
Com o devido respeito, vejo as declarações dos autarcas como pouco coordenáveis com os princípios de uma cidadania responsável e crítica, antes parecendo uma movimentação e orquestração política em torno de um tema de manipulação fácil na comunicação social. Mas eles lá sabem e o futuro também os julgará.
01/12/2007, Henrique Ferreira