Chrys Chrystello

Chrys Chrystello

Este povo já não sonha

Crónica 402, este povo já não sonha

 

Com o Covid há ano e meio e a eliminação do Euro, este povo que nunca teve grande propensão para tal, parece ter deixado definitivamente de sonhar. Apesar de nove séculos de rica história de reis, tiranias, ocupação estrangeira, invasões e outras desgraças como a guerra colonial e o fim do Império que nunca foi, também parece ter perdido a capacidade de ter esperança, seguindo abúlico e resignado como Eça de Queiroz o descrevia já há século e meio.

O país é bonito mas os políticos não e diariamente nos dão péssimos exemplos, veja-se o atropelamento mortal do carro do malfadado ministro Cabrita a imputar as culpas ao trabalhador na autoestrada retirando à viúva o direito a uma pensão e indemnização, sem se preocuparem em mandarem um dos 500 assessores inúteis e desocupados do ministério a marcar presença no enterro.

Depois foi a embrulhada da deslocação do Presidente da República e o do Parlamento a quererem ir ver a seleção nacional de futebol. Se são adeptos deveriam ter ido particularmente e não com toda a pompa estadual, políticos mais interessados no ópio do povo do que neste, provando, à saciedade, o adágio “com papas e bolos se enganam os tolos”. E o povo continua a pagar uma botija de gás ao dobro do preço de Espanha, ou a gasolina e gasóleo em que cerca de 60% do preço são impostos e taxas e taxinhas.

Novas leis de controlo dos meios de comunicação parecem ter desenterrado o antigo lápis azul da censura, mas o povo tranquilo e manso nem se apercebeu. Todas as semanas lhe retiram liberdades em nome da saúde de todos nós, acha normal um passaporte de saúde, ser testado agora antes de ir a batizados, casamentos ou outras festas, usar máscara para o resto da vida, ser vacinado (mas cuidado que se a vacina não for a x, y ou z, o atestado de nada serve para viajar para muitos países como os emigrados na Alemanha acabam de descobrir, mesmo que no fim todos possam continuar a contagiar e a ser contagiados.

Esta pandemia formatou a população para erradicar os “positivos”, cujos testes prenunciavam doença ou morte. mesmo que morra uma pessoa por dia por entre 250 ou mais mortes das outras causas que não merecem tempo de abertura de telejornais. ,

Esta nova realidade não se vai alterar com a vacina ou sem ela,

Vamos viver a nova era de mascarados para ninguém se aperceber do estado da alma pela face de cada um, amordaçada, açaimada pois irão surgir 1001 mutações sem que o vírus como o da vulgar gripe seja extirpado, mais de um século depois da gripe espanhola.

O medo, depois da lavagem diária ao cérebro e da visualização incessante de pessoas a tomarem a vacina, vai prosseguir por entre máscaras, distanciamento e proibições, ora abre isto, ora fecha aquilo. Mas no inverno voltarão a subir os mortos, como todos os anos acontece com inúmeras infeções respiratórias.

 Enquanto não aceitarmos que o vírus veio para ficar como a gripe, e tanto vírus que aí anda, não recuperaremos s liberdades que nos tiraram,  e que eram direitos fundamentais.

Noutra nota triste assistimos a mais mortes por gente que pensa que numa viatura se atravessam cursos de água de ribeiras descontroladas. Eu que vivi em Timor onde se  atravessavam ribeiras secas (que as pontes tinham sido levadas pelas enxurradas) vi ribeiras subirem metros em minutos. Desde que cheguei aos Açores há 16 anos lembro-me do autocarro escolar do Nordeste que causou 2 ou 3 vítimas levado pelas águas que atravessavam a estrada, um ou outro trator levado pela ribeira, e agora o caso da Povoação. Pode ter havido mais casos mas estes eu fixei e jamais menosprezaria a força selvagem da água mesmo que pareça ter apenas uns centímetros de altura ao atravessar estradas ou caminhos agrícolas.

E teremos mais um verão sem festas nem procissões, ao fim de ano e meio sem festas nem procissões nem outras manifestações culturais enquanto a economia, a pandemia e os responsáveis da cultura regional tentam que nada se realize, pois como sabemos um povo culto, que lê e pensa é um perigo para a nação, pior que terroristas. O melhor é acabar com eles, mas desenganem-se pois entre nós há alguns que são mesmo mais resilientes que os vírus, pandemias e outras desgraças.


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