Depois do feriado do primeiro de Dezembro com que o Governo acabou – mas que espero sinceramente que venha a ser reposto -, depois do fim das ligações aéreas entre Bragança-Vila Real – Lisboa, depois do Orçamento de Estado de Estado para 2013 que abala os mais inabaláveis, só me pergunto se ainda poderemos ter surpresas com o que virá depois…
A verdade é que estamos numa altura em que a crise internacional em nada ajuda à nossa recuperação e ao reconhecimento dos esforços que todos nós temos feito. Mas basta de nos exigirem mais, mais e mais sem cortar onde efectivamente é necessário.
Somos um país de valores em que – supostamente – estão no governo os dois partidos mais humanistas e personalistas do espectro partidário português. Mas não é isso que se vê no dia-a-dia legislativo e o desalento entrou nas casa português como um sentimento de toda a população… O desânimo está a atingir Portugal a todos os níveis: social, económico, familiar, empresarial,…
Aos jovens dizem-nos para sermos empreendedores, para arriscarmos e que tudo conseguiremos. Mas a verdade, é que não basta a vontade de arriscar e percorrer novos caminhos, abrir novos trilhos. Nem imagino a dor que tantos amigos passam por se terem esforçado ao longo de anos no sistema de ensino e agora tentarem e tentarem bater a portas cujo trinco está fechado.
Às pessoas de meia-idade, pede-se que segurem o país, que ajudem a geração dos seus ascendentes e descendentes, quando eles próprios – dia após dia – perdem a qualidade de vida que conquistaram.
E temos também os mais idosos do nosso país que já sem força física para darem mais de si, olham para o que perdem a cada dia, para o reconhecimento que cada vez é menor por uma vida de trabalho e esforço e sem terem como repor o que vai sendo tirado das suas reformas.
Vivíamos, enquanto sociedade, para além das nossas capacidades? É verdade e isso tem que mudar. Mas o que não pode acontecer é o Estado, o tal que pretendem reformular e refundar, esquecer-se que tem um povo, um país atrás de si. E é o próprio Estado que tem que fazer as maiores e mais profundas reformas, para que a situação portuguesa se inverta, até porque as últimas medidas para com os cidadãos não só não ajudam a economia como, pelo contrário, têm um efeito nefasto.
Porque se alguma coisa está a ser feita – e é de louvar – a verdade é que não pode ser pelos serviços estatais estarem a cortar bens essenciais ao serviço público, como falta de canetas, tinteiros ou papel, que as gorduras do Estado são cortadas. Porque onde importa cortar, nos serviços onde há despesismo e irracionalismo nas despesas, ainda muito pouco foi feito…
Não podemos esperar que o Estado seja um seguro para toda a população, quando o nosso seguro tem que ser o nosso trabalho. Mas podemos esperar que, pelo menos, não nos tire o que vamos construindo para nós e para os nossos.
E depois temos a democracia, que tantas vezes é incluída nos discursos e tão poucas vezes pensada… Se não podemos ter grupos que se intitulam como porta-vozes de todo um povo sem não terem sido eleitos para tal e que pedem a demissão do Governo em nome dos portugueses, também não podemos ter uma Troika ou uma União Europeia que decide os nossos caminhos sem mandato para o fazer.
Ainda que estejamos numa época de vacas magras, temos que acreditar que tudo melhorará. Desejo a todos um reconfortante advento e um Santo Natal! Que nestes dias difíceis a época Natalícia seja o renascer de uma Luz de esperança e ânimo para todos!