No dia vinte e cinco de Abril de mil novecentos e setenta e quatro, era eu um feliz e inconsciente rapaz de catorze anos que da vida só queria que ela corresse, e da qual somente sabia que o sol se levanta de manhã para dar origem ao dia depois de a lua se ir do firmamento celeste.
Apesar disso, não fui de todo alheio ao clima de esperança, de euforia, e de optimismo, que de lés a lés percorreu este nosso Portugal. Por todo o lado se cantava a liberdade, se apregoava a igualdade, e se jurava a fraternidade.
Se umas e outras eram mais ou menos vividas, mais ou menos sentidas, ou mais ou menos efectivas, era coisa que então não preocupava muita gente, e todos ou quase todos, estávamos mais virados para a celebração do que para a construção dos verdadeiros pilares em que se funda a verdadeira democracia.
Esquecemo-nos então, e ainda nos não lembramos hoje, que coisas como aquelas e outras do género, ninguém no-las pode oferecer, e que para as podermos usufruir é necessário que antes sejam construídas dentro de cada um, para depois por cada qual ser oferecida ao seu semelhante.
Quase trinta anos depois daquela madrugada redentora de todas as
madrugadas, ainda que o balanço do que restou da esperança nascida em Abril embrulhada no manto da democracia, seja de todo positivo, temos infelizmente de concluir que nos faltou entretanto a sabedoria para o cultivo da frágil semente da liberdade que só medra quando cuidada individualmente, e quando resguardada das investidas do egoísmo, do narcisismo, da ignorância e da ganância.
É certo que ninguém vai preso por pensar diferente, e que de tantos em tantos anos, os cidadãos eleitores são chamados a escolher aqueles por quem desejam ser governados, estando por isso garantidos os dois principais pressupostos de um regime democrático.
Mas se pensarmos bem, veremos que é ainda parca a nossa capacidade de aceitação perante opiniões divergentes, e que não faltaram por aí exemplos de pessoas marginalizadas por expressarem ideias ou atitudes diferentes.
Não raro também, surgem situações em que os actos da governação são muito mais actos de puro malabarismo para iludir eleitores do que verdadeiros actos de defesa do interesse público, resultando daqui a mais completa perversão da democracia enquanto regime político.
Tantos anos depois daquele ano em que eu era ainda rapaz, acabámos agora mesmo de celebrar mais uma vez um acontecimento que nos acertou o relógio da história, mas não conseguimos ainda
No dia vinte e cinco de Abril de mil novecentos e setenta e quatro, era eu um feliz e inconsciente rapaz de catorze anos que da vida só queria que ela corresse, e da qual somente sabia que o sol se levanta de manhã para dar origem ao dia depois de a lua se ir do firmamento celeste.
Apesar disso, não fui de todo alheio ao clima de esperança, de euforia, e de optimismo, que de lés a lés percorreu este nosso Portugal. Por todo o lado se cantava a liberdade, se apregoava a igualdade, e se jurava a fraternidade.
Se umas e outras eram mais ou menos vividas, mais ou menos sentidas, ou mais ou menos efectivas, era coisa que então não preocupava muita gente, e todos ou quase todos, estávamos mais virados para a celebração do que para a construção dos verdadeiros pilares em que se funda a verdadeira democracia.
Esquecemo-nos então, e ainda nos não lembramos hoje, que coisas como aquelas e outras do género, ninguém no-las pode oferecer, e que para as podermos usufruir é necessário que antes sejam construídas dentro de cada um, para depois por cada qual ser oferecida ao seu semelhante.
Quase trinta anos depois daquela madrugada redentora de todas as
madrugadas, ainda que o balanço do que restou da esperança nascida em Abril embrulhada no manto da democracia, seja de todo positivo, temos infelizmente de concluir que nos faltou entretanto a sabedoria para o cultivo da frágil semente da liberdade que só medra quando cuidada individualmente, e quando resguardada das investidas do egoísmo, do narcisismo, da ignorância e da ganância.
É certo que ninguém vai preso por pensar diferente, e que de tantos em tantos anos, os cidadãos eleitores são chamados a escolher aqueles por quem desejam ser governados, estando por isso garantidos os dois principais pressupostos de um regime democrático.
Mas se pensarmos bem, veremos que é ainda parca a nossa capacidade de aceitação perante opiniões divergentes, e que não faltaram por aí exemplos de pessoas marginalizadas por expressarem ideias ou atitudes diferentes.
Não raro também, surgem situações em que os actos da governação são muito mais actos de puro malabarismo para iludir eleitores do que verdadeiros actos de defesa do interesse público, resultando daqui a mais completa perversão da democracia enquanto regime político.
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Em Abril uma esperança

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