É de mais...

Hoje andam todos tão desorientados que tudo serve para pôr um pouco de tino na cabeça de cada um ou, pelo menos, fazer com que se pare para pensar um
bocadinho em tudo o que nos rodeia.
Dizia-me um amigo, há uns dias atrás em ar de graça, que o Pinto da Costa agora dorme sozinho. E quando o questionei sobre a razão de tal atitude, ele disse-me que a mulher dele não queria ser contaminada com a gripe das aves!!!!
Ri-me, claro!
E é este riso pontual que nos vai afastando de pensarmos na seriedade das coisas que levam a esse mesmo riso. A perigosidade do vírus das aves é tão
grande como a realidade da sua existência. Daí que, mesmo rindo, a realidade não diminui, assim como o perigo de amanhã nos termos de enfrentar com ela.
Mas paremos para pensar um pouco. Talvez não adiante muito pensar, mas pelo menos podemos tomar mais consciência daquilo que nos rodeia. O que se passa
neste momento neste palco redondo onde todos vivemos, é de loucos! Não é só a gripe das aves, mas todo um conjunto de acontecimentos que nos leva a questionar a razão de tal ocorrência.
Da Ásia vem-nos tudo do pior. Após o terrível Tsunami que vitimou milhares de pessoas, vem agora esta gripe das aves que não se sabe ao certo porque é que
apareceu, como se propaga e como se pode fazer desaparecer. O empolgamento de tal ocorrência levou os governos a tomarem medidas desajustadas com a
realidade das coisas, de tal modo que, o prejuízo de uns é muito maior que a segurança de outros. E enquanto os governos se preocupam acerca do modo como
combater este problema gravíssimo, há jovens que se divertem a incendiar carros e lojas em algumas regiões de França.
Em Portugal, perante este dilema, proíbe-se a venda de aves - não vá o diabo tecê-las - e retira-se o ganha-pão a umas centenas de trabalhadores.
Razões para esta tomada de posição? Será que as há? Certamente que não.
É só para prevenir! O que é curioso, pois em Portugal, prevenir é coisa que não é habitual fazer! Bem, alguma vez havia de ser a primeira!
Os EUA estão a ser atingidos por furacões, tornados e ciclones em tal quantidade que podemos perguntar-nos se eles aguentarão muito mais tempo estes desmandos da natureza. Durante o Verão, os EUA foram atingidos por incêndios devastadores que chegaram mesmo a pôr em perigo cidades enormes. O Fogo e a Água a ameaçarem a sobrevivência do planeta! Não só parece como é bíblico. O fim está perto!
O que se está a passar em França é de mais. Houve eleições há pouco tempo, escolheram quem quiseram e agora não estão satisfeitos! Pois têm todo o direito de se sentirem assim. Foi talvez uma má escolha! Mas não é
necessário protestar desta maneira, pois quem acaba por ser prejudicado não tem culpa nenhuma do que se está a passar. Mais de 4.000 automóveis incendiados, mais de 40 autocarros destruídos, lojas, mercados, etc., são de pessoas trabalhadoras que agora se vêm sem o seu meio de transporte e possivelmente sem meios para adquirir outro, ou do seu ganha-pão. Na verdade tudo isto está a passar muito para além do bom senso. A razoabilidade nestas coisas tem limites e é preciso cumpri-los. Não é certamente pela violência que se conseguem atingir os objectivos, ou pelo menos, não deverá ser esse o caminho para os conseguir.
Voltando a Portugal e ao processo com que os franceses se confrontam, então nós teríamos igualmente de começar a manifestar o nosso descontentamento
face à governação a que estamos a ser sujeitos, de uma forma idêntica!
Não. Nós não somos tão buliçosos! Ainda bem.
Todos sabemos que existem outras formas de combater as injustiças e os maus governos num sistema democrático. Também todos têm o direito de se enganar,
pelo menos... uma vez! Então, os franceses se se enganaram ao eleger os socialistas para governar, que tenham aprendido a lição e nas próximas eleições votem melhor.
É que nós, de igual modo, parece que também nos enganámos, mas vamos mudar o voto nas próximas eleições. Certinho e direitinho. E isto antes que a
maluqueira das manifestações violentas comece aqui e aconteça, como já se ouve falar, alguém matar o Sócrates.
Na realidade, é de mais...