Qualquer canto para onde uma pessoa deite olho ou ouvido nesta região chamada Douro, logo lhe salta a palavra crise e com mais um pouco de esforço, logo vislumbra situações já reais ou prestes a sê-lo, bem capazes de justificar o significado da palavra.
Os números e as famosas e sempre chamadas estatísticas, mostram-nos uma região onde os rendimentos por cada pessoa são do mais baixo que há no país, as estradas são do tempo do marquês que nos demarcou os limites, os serviços de saúde dos que vivem por cá estão cada vez menos acessíveis, o ensino é o que se sabe, e o quotidiano de labuta é nada mais nada menos do que fazer-se algo para se não estar parado.
Este retrato que é o desta nossa terra, obviamente que não é exclusivo, e infelizmente se olharmos para o que vai por todo o interior de Portugal, verificamos facilmente que ele se pode aplicar por aí acima e por aí abaixo, como se á continuidade geográfica, correspondesse o repetir das mazelas e das minguas de recursos próprios.
Não há no entanto engano maior que este, e não é difícil demonstra-lo, pois a região do Douro não é de modo algum uma região pobre de recursos e de riqueza gerada. È quando muito, uma pobre região rica, de onde levam os anéis e deixam os dedos descarnados, se calhar porque quando os usamos também não sabemos usá-los e afirmá-los como nossos.
Note-se, que desta região sai um dos principais produtos de exportação do país que parece ser de todos, mas é crescentemente mais de uns que de outros, e que esse mesmo produto é um dos mais conceituados e abrangentes embaixadores de Portugal no mundo, já desde a época em que os homens importantes usavam peruca.
A acrescer a isso, temos agora ao que nos dizem e nos parece que sim, outra potencial riqueza a explorar na industria do Turismo, essa industria dita como uma das poucas com que Portugal pode contar de futuro, e das poucas que vão valer a pena. Pois bem, se assim é, o Douro enquanto região também aí pode dar cartas, e se pode ater a estar entre as regiões com mais coisa que se veja.
Não se percebe pois de modo algum, que os nossos índices de poder de compra andem pelas ruas da amargura, e que os indicies de desenvolvimento da região andem ao nível do terceiro mundo, enquanto em outras bandas se aproximam e são mesmo já primeiro, o que é de todo em todo bom para alguns, mas é muito mau e injusto para os outros, que por acaso somos nós.
Vai sendo pois altura de lá longe onde tudo se decide, se olhar para a região do Douro com vistas de quem vê, de modo a que surja a vontade necessária para se resolverem as nossos questões que se vêm arrastando por falta de querer autêntico. Quando isso suceder, não se cumpre mais do que a obrigação por parte dos que a têm, e não se faz nada mais do que justiça plena, a uma região e a umas gentes que ao longo dos séculos vêm sofrendo de pleno esquecimento, diga-se de passagem por culpa dos outros, mas também e grandemente por culpa própria.
Douro: Uuma questão de justiça

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