Luis Ferreira

Luis Ferreira

Despedidas e desejos

Toda a separação é uma despedida ainda que temporária e quando queremos bem deixamos sempre um desejo na esperança de que se concretize. Mas nem sempre nos despedimos de uma pessoa mais ou menos chegada, mas o desejo, esse sempre fica no ar.

O ano que agora acaba talvez não tenha deixado a vontade de pronunciarmos muitos desejos para repetir, mas como nem tudo foi mau, algumas coisas gostaríamos que se repetissem dentro de algum tempo, outras, enfim, nem é bom falar delas.

Despedimo-nos de 2016 com a pompa e circunstância a que já estamos habituados e desejamos que o Ano Novo traga sempre o que mais falta nos faz, a nós e ao mundo. Desejamos paz, amor, saúde e felicidade. Alguns ainda desejam dinheiro, esse que tem andado tão arredio das bolsas de muitos portugueses, mas apesar do que se diz, esse é um desejo que ficará mesmo só como desejo. Os aumentos que estão anunciados e que entram agora em vigor vão levar muito dos pequenos aumentos que se apregoaram. Não se pode dar tudo, nem dar o que se não tem!

Mas o ano que passou trouxe muitos desgostos para todo o mundo. Foi demasiado cáustico. As mortes que se contabilizaram foram demasiadas e imerecidas. As catástrofes que se verificaram um pouco por todo o mundo deixaram rasto de miséria e morte como se fosse necessário carimbar o ano com um selo tão caro. Os tremores de terra que abanaram o planeta desde a América do Sul até à Europa e deixaram uma marca terrível na Itália, destruíram casas e sonhos e mataram quem não estava à espera que tamanha crueldade os atingisse. Os que ficaram de pé, despediram-se dos entes mais queridos e desejaram que nunca mais se repetissem estes arrepios que o planeta tem, como se quisesse avisar-nos de algo que não vai bem.

A Europa foi o grande alvo de ataques levados a cabo por gente que não sabe o que quer, não pensa pela sua cabeça e não age por vontade própria. De França à Alemanha, passando por outras localidades, as bombas estoiraram, destruíram e mataram em nome de algo que não se entende, não se percebe e não sei mesmo se existirá. Mata-se por matar como se daí resultasse uma satisfação enorme e a resolução de muitos problemas que possivelmente nem têm. O islamismo não defende este tipo de crimes e muitos não entendem por que se mata em nome do Islão. Porquê? Não têm outra justificação nem defesa. Se um dia Alá aparecesse à frente desses grupos, certamente que veriam o erro e talvez se arrependessem e arrepiassem caminho na malvadez que os envolve. Como se pode envolver uma rapariga de 9 anos com bombas e enviá-la para o meio de uma multidão para que se faça rebentar, matando uma dúzias à sua volta? Como se pode ser tão cruel? Que mentalidade retorcida deu a volta à cabeça desta rapariga? Que medos lhe incutiram? Esta nem teve tempo de se despedir e não deixou certamente nenhum desejo futuro.

Mas ao bater as doze badaladas todos nos despedimos do ano velho e desejámos paz para o ano novo. Ao despedirmo-nos de 2016 e talvez só porque era uma despedida, foi acordado o cessar-fogo na Síria, não sem antes milhares de sírios saírem da sua cidade e das suas casas, as que ainda se conservam de pé, e abandonarem o seu país por culpa dos que ainda acreditam que ao morrer vão ter ao seu dispor sete virgens num campo de leite e mel. Como é possível matar tantos milhares de pessoas, destruir uma enorme cidade que tantos anos levou a construir, derrubar uma civilização marcante para a História da humanidade em nome de … nada? Os desejos dos que destroem não serão nunca os mesmos dos que não querem essa destruição.

Por cá, mais terra a terra teremos de ser e, os desejos além da saúde e paz que todos queremos, sempre vamos acrescentando que não queremos voltar a ver por aqui os tais três reis que nada trouxeram para pagar a dívida que ainda perdura. Despedimo-nos deles e do ano que acabou e desejamos que não voltem. Enfim, haja saúde! Feliz Ano Novo.
 


Partilhar:

+ Crónicas

E agora?

Será que vale tudo?

O assassino da liberdade

Só promessas

O Mundo em Chamas

De lés a lés

A aliança do desespero

O que nos querem vender?

Pantanal Político

Os interesses da guerra

Á beira do caos

As luzes de setembro