A sério que já começava a dar razão ao Eça e ao senhor D. Carlos I que no século antes do último, diziam que Portugal era um choldra por tão grande ser o seu desgosto mediante as coisas que já nessa altura se passavam neste nosso pais.
Se virmos bem, não nos faltam motivos para lhes darmos o nosso concordar, mais a mais nestes tempos em que quase como cogumelos, as poucas vergonhas e os escândalos dão à luz do dia, cada qual o maior e de pior teor.
Só assim de repente, lembro-me do caso da Universidade Moderna, do caso da Brigada de Trânsito, do caso da venda de sucata do nosso garboso exército, parando por aqui para me não alongar muito.
Agora, como cereja podre encima de bolo estragado, apareceu o caso da pedofilia na Casa Pia de Lisboa. Como é costume, logo todas as televisões se atiraram ao assunto como Santiago ao mouros, que é o mesmo que dizer, que nem sete cães a um osso.
Mas á nossa velha e boa maneira, tudo isto não vai dar em nada, e o rubro da coisa irá durar até que nova situação de fazer corar quem tiver um pingo de vergonha na cara aparecer, anunciada pelas trombetas que tudo parecem abanar, mas nada fazem cair. É tudo uma questão de brisas passageiras que com o vento da indiferença se vão.
Poderemos até dizer que nos outros países também existe corrupção, e que malfeitores deste ou daquele jaez, é coisa que também não falta. No entanto, pelo menos ao que se me afigura, a diferença, é que por lá quando o lodo vem ao decima quem tiver que comer pela medida grande, come mesmo, ocupe o lugar que ocupar.
Contrariamente pelas nossas bandas, desde que haja grandes figurões de gravata ao peito desta ou daquela actividade metidos na coisa, as consequências morrem na praia, e a culpa continua eternamente solteira. É como se Portugal tivesse deixado de ser um pais, e passasse a ser uma federação de lóbis que na sombra tudo controlam de modo a que nada atinja
quem deve ser atingido.
Com isto tudo, no entanto cá vamos cantando e rindo, e lá vão aparecendo coisas que nos entretêm e nos levantam o ego, que é coisa que não deve andar em baixo. Ultimamente então, razões para andar com ele mais encima que eu sei lá, é o que não nos falta, ou não fossemos todos uns perdidinhos pelos assuntos da bola. Isto pelo menos que parecem julgar os senhores que nos governam, estes e os outros, pela importância que atribuem a esse tipo de assuntos.
Estou mesmo a ver por esse mundo afora, toda a gente roidinha de inveja perante as excelências do nosso mundo do futebol. Tomaram eles ter dez estádios de futebol novos em folha quase prontos a estrear, ter uma selecção nacional com o melhor jogador do mundo, com o melhor treinador do mundo, um clube grande como o caraças falido que nem virote, nas com um dos melhores treinadores ali da Espanha.
Para isso, que não sejam morcões, que não obriguem os clubes a pagar impostos, e que não gastem o dinheiro quase todo a construir escolas e coisas do género, que basta uma pessoa saber ler assim- assim, ou tirar um curso superior de onde se sai meio ignorante, para se desenrascar na vida.
E depois quem tiver dúvidas de que connosco ninguém brinca, que veja o Big Brother, onde ainda há dias uma verdadeira portuguesa, autêntica Padeira de Aljubarrota, discutiu a bom discutir com uma companheira, a quem sem meias tintas e com todas as letras, mandou àquela parte.
Foi um verdadeiro conforto saber que naquele momento, para aí em noventa por cento dos lares portugueses se assistiu a tão elevado momento de educação e de grandioso civismo. Ditosas as crianças a quem é dada semelhante oportunidade de instrução !..
Isto para dizer quase como o Camões, que é outro que deve andar aos saltos na tumba por mor daquilo que permitimos que façam a Portugal, que bem podia ser um jardim á beira- mar plantado.
Desditosa Pátria

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