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Contra a Corrente

Retrato de fernando
Fernando Campos Gouveia

Contra a Corrente

Um dos piores males da democracia, sobretudo no nosso país, são os unanimismos esmagadores.Temos essa proverbial tendência para achar que as coisas estão uma total desgraça quando as coisas simplesmente não vão muito bem, ou, pelo contrário, que tudo é um mar de rosas, quando já se podem ver à distância graves tempestadas no horizonte. Somos, assim, um povo de excessos, excessivos no amor e no ódio, na festa e na desgraça, eufóricos nas horas felizes, desgraçadinhos nas horas difíceis. Como resumia recentemente um velho republicano que muito prezo, somos um povo de heroísmo e fatalidade. Por isso, o melhor antídoto para nivelar um pouco a opinião, seria demonstrar objectivamente que nem tudo é tão mau como o pinta uma tendência política, nem tudo é tão bom como o pinta a tendência contrária. Mas tomar esta posição é navegar contra a corrente, é ser um chato. Entendo, porém, que não pode escrever seriamente quem não se disponha a ser um chato, porque a função da crónica jornalística é essa, é lançar dúvidas onde há unanimismos, é pedir calma e contenção onde afloram desesperos inúteis.

Hoje ser-me-ia fácil desancar no governo a propósito da televisão, chamar meia dúzia de nomes feios ao Ministro que a tutela, lançar meia dúzia de verdades retroactivas sobre a gestão financeira e as relações de concorrência, lembrar compadrios passados e nepotiosmos de todos os tempos. Não vou fazê-lo, porque disso foram feitas as primeiras páginas dos jornais nos últimos dias. Mas vou criticar o serviço público e aquilo que o não tem sido na RTP.

Um destes dias vi um editorial dum jornal da emigração, de orientação católica, verberar um programa da RTP em que se discutiu a problemática de Fátima em formato de discussão de peixaria. Não partilhando as ideias desse editorialista, achei que tinha razão quanto à forma. De facto, as coisas sérias não se discutem em areópagos de peixeirada, em que cada interveniente se distingue por falar mais alto do que o outro. E a religião é assunto sério, mesmo para quem não tem fé, porque é um dos elementos fundadores da personalidade de uma boa parte dos nossos cidadãos e da identidade do povo português. Reduzi-lo a uma partida de gregos e trianos, como se fosse um jogo de batalha naval, é ligeireza de espírito de quem apresenta e leviandade de gestão de quem deixa apresentar. Para além de que, ao que me consta, custou à televisão os olhos da cara. Mau serviço público, por conseguinte. Mas os exemplos continuam.

O serviço público não esgota os conteúdos possíveis em televisão, tal como os jornais de referência nunca foram impeditivos dos jornais de anedotas ou do jornal do crime e um José Saramago nunca evitou que se lesse o Vilhena. Há espaço para tudo e para todos, mas não cabe tudo na noção de serviço público. O objectivo do serviço público deve ser informar em português, formar e proporcionar lazer também em português. As doses diárias de cada uma destas partes do conteúdo devem ser harmonizadas, de forma a responder em cada momento à maior procura.

Há quem diga que o objectivo das televisões privadas é o mesmo; não, não é. Uma sociedade de televisão que se preze deve ter certamente uma informação rigorosa, mas esse é um objectivio de credibilidade e não um dever público. Pode ter programas de formação, mas serão certamente construídos em função de interesses comerciais subjacentes. Ao proporcionar lazer e entretenimento, procurará legitimamente audiências, não tendo o dever de proporcionar qualidade a minorias. A televisão pública é o contrário: deve ter informação rigorosa, porque é a razão da sua existência; deve formar, porque lho pede a noção de serviço público e o interesse dos cidadãos; deve proporcionar entretenimento de qualidade, porque neste vector cabe a divulgação da criatividade nacional que não tem capacidade para se impôr numa relação de concorrência comercial: o cinema, o teatro, a música nacionais, os autores portugueses, a divulgação científica, etc.

Ora, a televisão que temos nem sempre tem sabido responder a esses desafios. Cedendo à tentação da concorrência, foi levada aos mesmos desvarios de programação e à mesma vertigem do vedetismo milionário. Aprecio a informação do canal 2, que passa na RTPi infelizmente a horas impróprias (de madrugada, na Europa). Aprecio outros programas de grande nível (com o mesmo problema: O Acontece, tanto aclamado e com razão, não é acessível a horas decentes à maior parte dos emigrantes da Europa). Acredito que a RTP tem a obrigação de fidelizar a audiência das comunidades emigrantes, e, por isso, entendo que deve transmitir futebol e outros desportos, sobretudo das selecções nacionais. Entendo que os programas de cariz regional são indispensáveis para se ter uma ideia descentralizada do país que somos e manter a ligação das pessoas com as suas origens. Entendo que as nossas relações com países lusófonos exigem uma cobertura televisiva adequada da realidade nesses países.

A RTP, umas vezes melhor, outras pior, tem feito um pouco de tudo isto, o que só abona a seu favor. Mas tem muitos telhados de vidro:

Será necessário entreter não sei quem com o mesmo programa de mais de duas horas todos os dias, e com um apresentador já gasto? Não haverá mais nada para encher? (estou a pensar em material do arquivo RTP, que é bom e barato).

Será necessário ter um programa de quase luta ao vivo como os Gregos e Troianos, que chega ao descaramento de dar visibilidade à pior charlatanice de curandeiros, videntes e outros oportunistas? Deixem isso para as noites marcianas, e que lhes faça bom proveito: sempre se poupavam uns milhares de contos.

Serão necessárias as intervenções directas nos programas em que algumas pessoas apenas querem ouvir-se a si próprias e cumprimentar os apresentadores, sem nada levarem ao debate?

Será necessário o debate futebolístico de duas horas em que se acirram os sentimentos clubísticos e se desvaloriza o rigor informativo e a função formativa do desporto?

Finalmente:

Por muito que eu entenda o valor actual da imagem e as exigências públicas àqueles que dão a cara, não será excessivo o protagonismo dalguns apresentadores e o preço correlativo das suas apresentações? Têm a certeza de que não é possível fazer melhor com menos dinheiro?

E quem escolhe os apresentadores: é a RTP ou os produtores-vendedores dos programas? É que alguns apresentadores, para além duma boa presença, demonstram uma enorme falta de cultura geral e parece que apenas representam os tiques mais detestáveis dum certo jet-set.

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