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Brexit: a Europa não morreu…mas

Retrato de fernando
Fernando Campos Gouveia

Brexit: a Europa não morreu…mas

As reações a quente ao resultado do referendo no Reino Unido vieram demonstrar o nervosismo dos políticos e a desconfiança dos mercados.
 
Durante a campanha, não faltou quem, afirmando embora o respeito pelo voto popular, quisesse conduzir o povo britânico pela arreata para uma posição favorável às suas posições.
 
As pressões políticas dos Estados Unidos e de muitos responsáveis da União Europeia pareciam querer dizer que o povo é quem mais ordena, mas apenas quando vota bem. Ora o povo entendeu que votar bem era votar pela saída.
 
Chamem a isto populismo, oportunismo de alguns líderes políticos ou aproveitamento de descontentamentos vários, o certo é que o resultado do referendo demonstrou aquilo que era evidente desde a adesão do Reino Unido às então Comunidades Europeias. Este grande país não partilhava a mesma visão da Europa que a que ambicionavam os Estados fundadores. O projeto europeu, tal como se desenvolveu até ao fim dos anos oitenta, tinha uma ambição de unir valores, culturas, formas de vida, saberes, competências e capacidades em torno de um sonho de grandeza, não apenas geográfica ou mercantil, mas de realização de mais cidadania para os seus povos. Ao Reino Unido, pelo contrário, bastava o mercado único, e, por isso, representou sempre um travão ao aprofundamento das instituições e excluiu se frequentemente dos avanços mais importantes.
 
O antigo ministro francês Alain Peyrefitte, que serviu sob o mandato de três Presidentes da República, De Gaulle, Pompidou e Giscard d’Estaing, declarou numa entrevista televisiva nos anos noventa do século passado ter sido testemunha de uma conversa informal entre Churchill e De Gaulle durante a qual o então Primeiro Ministro inglês terá dito a De Gaulle, a propósito do projeto europeu, que o Reino Unido optaria sempre pela relação atlântica e não pela relação continental. Como tem corrido pela Internet em citações da série humorística Yes Prime Minister, o Reino Unido tem uma visão própria do mundo, tem interesses autónomos e a sua adesão às Comunidades Europeias representou uma fina estratégia diplomática para estar dentro a fim de poder baralhar os dados e as rivalidades internas e aproveitar o mercado comum. O facto de ter frequentemente exigido cláusulas de exceção, nomeadamente em matéria social, e não ter participado no espaço sem fronteiras (Schengen) nem na moeda única, demonstra bem os apertados limites do compromisso britânico com a Europa.
 
Por outro lado, foi numa presidência do Reino Unido que se acelerou o processo de integração dos países do antigo bloco de leste, que não estavam preparados nem económica nem psicológicamente para a adesão e que vieram inviabilizar o aprofundamento da União. Pode agora atribuir-se a Cameron uma estratégia de carreira pessoal a propósito da convocação do referendo; pode até Cameron mostrar-se compungido com o resultado e rasgar as vestes como forma de desgosto. O certo é que o Reino Unido não surpreende, e o resultado reflete o sentir profundo sedimentado ao longo de séculos, o de uma nação virada ao largo, sem peias da Europa a entravar-lhe as iniciativas; o resto é pretexto, seja a crise da emigração ou o alegado federalismo.
 
As instituições europeias reagiram à tormenta com a desafinação do costume. Sabe-se que, a nível económico e financeiro, há consequências, resultantes essencialmente das incertezas quanto à forma do acordo de saída e do nervosismo imediato dos mercados e das multinacionais. Mas a procissão ainda vai no adro: até à invocação formal do artigo 50.º do Tratado da União, o resultado do referendo não passa de uma mera notícia. O efeito jurídico da escolha só se consumará com a declaração formal, pelas autoridades britânicas, de que o Reino Unido pretende abandonar a União Europeia. Só então se podem iniciar as conversações para o acordo de saída e a liquidação de dossiers pendentes. Mas há em todo o burburinho destes dias uma certa hipocrisia: apesar das declarações de quase todos os políticos europeus, não pode deixar de se ler nas entrelinhas um certo alívio pela saída do Reino Unido. A pressa em empurrar o país para a porta de saída parece corresponder a uma intenção determinada de eliminar um travão ao aprofundamento da Europa, o que até seria uma esperança. Mas pode também ser o sintoma da recomposição interna dos poderes liderada pelo núcleo dos países fundadores.
 
Os próximos dois anos trarão certamente muitas novidades, umas no sentido do revigoramento do projeto europeu, outras no sentido da prevalência de interesses nacionais. Será no equilíbrio destas forças que se definirá o futuro da União Europeia, esperemos que com a consolidação da democracia interna, o reforço das instituições e a devolução da Europa aos seus cidadãos.
Lisboa, junho de 2016
Fernando Gouveia
 
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