Blá blá blá blá ...... Se por acaso eu resolvesse continuar por aí abaixo neste texto com este blá blá blá inicial, por certo o senhor leitor futuraria que ou eu teria ensandecido, ou na melhor das hipóteses, pelo menos para mim, estaria a gozar com todos os que haviam detido o seu olhar neste meu canto do jornal, cuja atenção desde já agradeço.
Mas palavra de honra que se enganaria redondamente quem assim julgasse, afirmo e juro eu agora e aqui perante toda a gente. Aliás, longe de mim semelhante ideia, pelo menos na minha boa intenção. Quanto ao siso, julgo fazerem-me o favor de mo reconhecerem, mas a tal não suceder, façam de conta, mas também não me digam da sua ausência.
Ora bem, para que isto não continue a ser um blá blá, conforme alguns já vejo a pensar, só digo que se o artigo continuasse com o escarrapachado blá blá blá, traduziria fielmente pelo menos quanto a mim, a vida deste nosso desditoso país.
Se quiser ver onde pretendo chegar, basta que atente um pouco nos assuntos a que se dá relevo na imprensa nacional, nas conversas, e nas preocupações dos portugueses, e já agora no modo como inclusiva e principalmente os altos responsáveis com elas lidam. Por exemplo :
Um alto signatário dos Estado, ministro das garbosas Forças Armadas, antigo paladino da ética e da moral, que montado no seu branco corcel espadeirou os pecadores, é agora acusado de em tempos não muito recuados ter andado em más companhias e ter permitido que debaixo das suas barbas, acaso as tivesse, se cometessem vigarices da pior espécie.
Andou-se ou anda-se há semanas a falar na coisa, mas ele assobia para o ar, faz finca pé, e diz que não senhor, não esclarece, e também não se envergonha, pois semelhante coisa é só para os mortais que ainda não ascenderam ao limbo dos deuses montados no cavalo malhado do poder.
Como o caso foi chão que já deu uvas, o assunto vai esmorecer, e como nos dizem que ele até é um eficiente ministro, a nação vai encolher os ombros e pronto, pois essas coisas da verticalidade pelo menos suposta nos titulares de cargos públicos , é coisa de luxo lá para os países da Europa, que não têm mais com que se desassossegar.
Num outro campo de actividade, o futebol, um rapaz quase nos trinta, isto é, um homem, bom marcador de golos e angustia dos guarda redes adversários, resolveu fazer gazeta no clube, e chateá-lo para conseguir a sua transferência. As razões deduzidas povoaram o imaginário colectivo e alimentaram as más línguas durante meses. Disse-se que as costas voltadas jamais se rodariam, e que jamais em tempo algum a camisola do clube cobriria as costas e o peito do atleta tresmalhado.
No entanto, gorado que foi o voo para outros ninhos, com todo o desplante o jogador presta-se então a voltar ao regaço dos leões, a bem dizer, local onde jurou não pretender voltar. Como os resultados andam pelas ruas da amargura, e como o jeito para o golo do moço pródigo é reconhecido, logo se passou uma esponja sobre o assunto, pois brio é coisa de que pelos nossos lados, se não sabe o paradeiro, nem se conhece que marque golos.
Ainda agora, uma senhora com tudo no sitio, nomeadamente o que sabemos e sem papas na língua, escorraçada de um alto cargo da Polícia Judiciária, onde foi somente a pessoa que mais serviço apresentou no combate ao crime de colarinhos brancos, que é o mais fino, disse do estado das coisas e retratou publicamente o triste estado a que isto chegou.
Passou pouco mais que despercebida, pois as ralações de nós todos não são coisa que venda jornais, nem o nosso miolo está para essas coisas.
Está isso sim, para espreitar a vidinha dos famosinhos olhando pelo buraco da fechadura da casa do “ Big Briother”, que com este nome deve ser um senhor inglês muito bom, pois empresta a casa a toda a gente, e a todo o bicho careto.
Blá blá blá,... podia continuar com não sei quantos outros exemplos da nossa vida quotidiana, feita de escândalos embrulhados em bolhas de ar que logo se desfazem, de interesses escusos e cruzados, e de indiferenças provocadas e consentidas.
Mas para que não digam que eu quero é estar para aqui a dizer blá blá toda a vida, lembro para terminar que o blá blá blá também faz parte do viver e é importante, mas porra, - ai desculpem - mas o que é demais é moléstia...
Blá blá blá blá ...

Blá blá blá blá ...
+ Crónicas
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