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Barragens, futebol e outros sebastianismos

Retrato de fernando
Fernando Campos Gouveia

Barragens, futebol e outros sebastianismos

Não sou militante radical de nenhum movimento ecologista, como não sou adversário de tudo o que cheire a futebol. Como em tudo na vida, ecologia e futebol, como o sal na comida, quanto baste!

Confesso que senti alguma simpatia pela defesa acalorada que algumas personalidades - dentre as quais destaco o Sr. Presidente da Câmara de Moncorvo - fizeram da barragem do Baixo Sabor. E fui sensível ao argumento de que os ecologistas só aparecem quando há iniciativas e que, quando tudo está calmo, não se vêem por lá.

Após o debate feito na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, onde se discutiu o estudo de impacto ambiental, parece-me que a inicial simpatia não pode permanecer sem uma importante reflexão crítica. Ao que pude ler na imprensa, a maioria dos intervenientes no debate, pessoas com formação científica em diferentes especialidades, desvalorizam aquele estudo, por considerarem infundadas as suas conclusões e errados alguns pressupostos em que se baseavam. É verdade que a crítica dos docentes foi feita pela negativa, desvalorizando o estudo mas sem apresentar soluções ou sequer sugestões alternativas de desenvolvimento. Isto pode levar-me a uma primeira reflexão, que é esta: uma obra caída da generosidade do Governo não é boa em si mesma: ou se justifica tecnica e economicamente ou é aquilo a que se chama um elefante branco. Não deve funcionar aqui o ditado popular de que /“ a cavalo dado não se olha o dente”/, até porque há presentes envenenados.

Mas a verdade é que uma barragem só por si não cria desenvolvimemto e pode nem sequer ser factor de desenvolvimento. Basta olhar para outras e ver os resultados. Que desenvolvimento trouxe Castelo de Bode para a região respectiva? Umas quantas iniciativas oportunistas de urbanização clandestina, campismo mais ou menos selvagem e exibição bacoca de barcos a motor, com as consequências que daí resultam para a própria barragem e zonas envolventes.

Uma barragem, como sabem os transmontanos pela experiência do Douro, pode fazer com que se vejam uns fogachos de actividade económica durante o período da construção, motivada pela vinda de umas centenas de trabalhadores e quadros com salário certo, que alimentarão algum comércio local. Mas, terminada a obra, o que fica são alguns abarracamentos de operários em rápida degradação, esqueletos de máquinas e restos de materiais e paisagens escalavradas que levam muito tempo a recuperar.

Não podemos esperar que o desenvolvimento almejado venha sempre duma obra de grande envergadura, concedida pela boa vontade de um governo ou duma empresa do Estado: O Euro 2004, miragem do ano em curso como a Expo o foi em 1998, já não pode esconder a crise da construção civil que se seguiu à conclusão dos estádios; como não pode alimentar as ilusões dum crescimento sustentado do turismo nacional. O Euro 2004 pode ser uma montra, um cartaz, mas são os agentes turísticos que têm de organizar as ofertas de qualidade que tornem o nosso país un destino de referência.

Os empreendimentos do Estado não dispensam a mobilização de cada um dos cidadãos. A vida e o progresso são uma responsabilidade de cada um de nós e não haverá sebastianismo que nos salve. Na economia, no desenvolvimento, não há milagres. Não tenhamos vergonha de olhar para os outros e fazer como eles quando eles fazem melhor que nós.
Se o Douro e a Terra Fria construíssem iniciativas de qualidade, talvez nem sequer se discutisse o problema da barragem: ela evidenciar-se-ia como necessidade para complementar outras iniciativas ou, pelo contrário, como risco a evitar no interesse de outras actividades. É que o desenvolvimento económico e social faz-se com muita formação profissional, empreendimentos originais e inovadores que criarão emprego qualificado e fixarão os jovens, promoção duma identidade regional esclarecida e sem vergonha de ser interior, cooperação das escolas com as iniciativas empresariais.

É sabido que temos produtos excelentes, alguns quase únicos, mas que não passam o limiar da porta da quinta ou do quinteiro e, quando passam, é para deixar o valor acrescentado muito longe da região. O Douro produz o melhor generoso do mundo, mas, se um grupo de turistas pretender organizar uma prova, tem de a organizar em Gaia. O fumeiro de Vinhais e o de Montalegre, para só falar nos que já têm alguma divulgação, já atraem milhares de pessoas a uma feira anual. Mas, fora dos dias da feira, será difícil encontrar locais adequados permanentes para os turistas poderem apreciar o respectivo fabrico, provarem e compararem os produtos e a sua íntima ligação à terra e à sua história. A verdade é que, se alguém quiser provar esses produtos, ou tem amigos na região ou arrisca-se a comer gato por lebre.

A este propósito, lembro-me de que há já alguns anos, tendo sugerido a um familiar radicado no Brasil almoçarmos em Chaves para saborear o famoso presunto de que ele tanto ouvira falar, nos foi respondido pelo dono do restaurante (aliás de muito bom aspecto) que presunto de Chaves, só se fosse buscar um pedaço a casa dele. Era simpático, mas não é assim que se faz a actividade turística. Então onde parava o famoso presunto de Chaves?

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