Não sei exactamente se há bruxas ou não. Na verdade, nunca as vi, nem nunca consultei ninguém que se fizesse passar por bruxa. No entanto, os espanhóis não acreditam que haja bruxas, mas sempre vão dizendo que las hay, hay! Isto por si só, já quer significar qualquer coisa.
Vem isto a propósito de um artigo que um editor de um conhecido jornal desta cidade escreveu e a que resolveu dar um título que nada tem a ver com o conteúdo do artigo. É normal dar um título a um artigo, que esteja de acordo com o desenvolver da notícia dada e nele inserta, mas de facto tal não acontece neste caso.
Refere-se o artigo a duas pessoas que ocuparam cargos idênticos numa instituição do estado, nesta cidade e que, por razões que só o Ministério Público sabe, pode e deve informar aos interessados, foram objecto de queixas-crime por parte daquele. O mesmo artigo, decorre todo ele numa suposta defesa dos atingidos, inglória à partida porque assente em pressupostos falsos, acabando por, em apenas meia dúzia de linhas, referir que um certo sector do CDS/PP seria o autor das acusações proferidas e das auditorias levadas a cabo, cheirando a caça às bruxas. Depois passa o articulista a atacar o IPB e com isso termina.
Pois muito bem. Afinal o que tem a ver o CDS/PP com este assunto? Nada. O CDS/PP não é nenhum caçador de bruxas, mas parece que mesmo não se acreditando nelas, alguém acaba por dá-las como certas. É de muito mau tom escrever sobre coisas que se desconhecem, acusando terceiros que nada têm a ver com o assunto em causa, levantando suspeitas graves que poderão criar susceptibilidades várias e serem passíveis de processos-crime, escusadamente.
Serve a comunicação social, ou deveria servir, para informar com rigor os cidadãos e não para levantar suspeições ou arrastar para a lama nomes de pessoas que, por razões óbvias, já se encontram sob processos do M.P., escusando, por isso mesmo, de ocupar colunas, autênticas vitrinas, onde se expõem mais do que se defendem. Se não fossem amigos…. mas sendo!!! Enfim!
Para o caso interessa só a referência ao CDS/PP. Esta é que não deveria ter sido feita. De facto, o título “ CDS/PP estende a Bragança caça às bruxas no INATEL “, só tem como objectivo ter algum impacto para quem lê somente os títulos dos artigos, pois quem os ler por inteiro, perguntar-se-à qual a relação?! Mas o caso é que, além disso, o CDS/PP não é visto nem achado nos processos em causa, até porque ainda não estava no governo quando eles foram levantados. São casos antigos e que há muito andam nas mãos do Ministério Público e que começaram por Inquéritos e Auditorias com o governo do Partido Socialista. Porquê querer envolver o CDS/PP e a coligação governamental indevidamente e abusivamente num caso que está mais do que esclarecido? Para quem tem dúvidas, que se informe junto do M.P.. Com toda a certeza que não deve constar em nenhum lugar o nome do CDS/PP, nem como acusador, nem como caçador de bruxas, nem como autor de auditorias, pelas razões já expostas.
É pois, de muito mau gosto fazer assim jornalismo. Se o articulista quis defender os amigos, nada há contra tal actuação. Mas envolver um Partido digno, que faz parte da coligação governamental, arrastando o próprio governo para a praça pública arruaceira, é que não é justo. Além do mais, pode eventualmente acontecer que elementos do governo de coligação e pertencentes ao PSD, já que a Secretaria de Estado em causa é liderada por um Secretário de Estado do PSD, se sintam mal com esta acusação leviana. As pedras, quando se atiram ao ar, não se sabe bem onde caem! E quem não deve, não teme!
É pena que assim aconteça. Não há, ou não deveria haver, razão nenhuma para justificar tal acto. Aliás, nada justifica uma falsidade desta natureza. Até os ataques políticos devem ser fundamentados. Telhados de vidro, há-os por todo o lado!
Enquanto o jornalismo seguir as ruas estreitas e sinuosas do sensacionalismo e do lucro fácil, não chegará a lado algum. Precisa-se urgentemente de um jornalismo sério nesta cidade. A guerrilha noticiosa só serve a quem nada mais tem para dizer. Sejamos pois, honestos e dignos. Só assim se pode construir uma sociedade válida, capaz e onde as bruxas sejam apenas mera ficção infantil.
Andam bruxas à solta?

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