29 Setembro - 6 Outubro 2006 Estou na fase final de preparação do 5º Colóquio Anual da Lusofonia. Uma tarefa hercúlea a que meti mãos há cinco anos e que começa a dar alguns frutos limitados no reconhecimento dum evento que já se impôs pela sua persistência. Saímos na sexta-feira dia 29 depois das aulas e havia inúmeros professores no avião, aproveitando para um fim-de-semana no continente, além do nosso gerente do Banco Comercial dos Açores e da sua mulher, chefe de secretaria da escola. Nunca pensei que tanta gente se deslocasse assim... uma colega da escola da Maia que tinha assistido aos Encontros Açorianos da Lusofonia em Maio na Ribeira Grande resolveu juntar-se a nós e foi mais cedo via Lisboa. Aterrámos no Porto com a habitual recepção chuvosa que caracteriza bem o tom cinzento daquela urbe suja e escura. Fomos buscar a colega a Campanhã vinda num Alfa Pendular. No dia seguinte depois de revermos a família seguimos para Bragança, logo que o motorista nos veio buscar. Chegamos ao fim da tarde. Senti uma sensação estranha a preencher-me o vazio interior. Arrumámos as coisas nos quartos, desta vez o filho mais novo (o João) foi connosco para rever amigos e a cidade. Saímos. Sentimos o fresco seco de Bragança embora a temperatura rondasse os 16 ºC não chovia e pudemos andar a pé, até ao restaurante e de volta ao hotel. Acabei por comprar a minha nicotina grega que nos Açores não existe e fui muito bem reconhecido pelo dono da tabacaria. Na manhã seguinte fomos a pé até ao Café Gelataria Torre da Princesa que era o nosso porto de abrigo e de cafés durante três anos onde revimos os donos e amigos. Depois fomos visitar uns primos da minha mãe e primos direitos do meu avô materno que rondam os 83 anos e ficam sempre satisfeitos de nos receber. Nesse dia e pela primeira vez na minha vida ao estar a escassos metros da que foi a minha casa durante os anos de Bragança senti um apelo inesquecível e descobri as minhas origens e raízes. É de facto Bragança a minha pátria portuguesa e que disso não restem dúvidas. Jamais senti este apelo emocional e forte em parte alguma do mundo. Estou mais ligado a isto do que jamais imaginei, e no ano passado estávamos acabados de sair (o Colóquio é sempre em Outubro e nós saíramos dois meses antes) pelo que não deu para sentir nada de especial. Um dia ainda vou tentar explicar este sentimento que se não explica mas que se sente de uma forma indescritível. Já há muito eu dizia que ou Sydney ou Bragança (embora goste de estar nos Açores não os sinto como pátria) eram a minha base terrena. Agora sei onde pertenço, jamais senti este sentimento de pertença a um sítio. Tal como o meu pai que dizia ser de Afife, Viana do Castelo embora nascido no Porto eu sempre disse ser australiano mas isso é a nacionalidade e não o lugar de nascimento que (no meu caso) passou a ser Bragança. Quando me perguntarem donde sou direi SOU TRANSMONTANO. Nem de propósito leio a propósito de uma pessoa radicada em Castelo Rodrigo há vários anos
ainda o 5º colóquio da lusofonia ou de como descobri que sou bragançano

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