A localização geográfica de uma região é muitas vezes condicionante do seu desenvolvimento. Regiões periféricas encontram mais dificuldades em se desenvolver, dado que as oportunidades e as condições para tal não são as mesmas que as regiões centralmente mais localizadas, excepto algumas excepções. As vias de comunicação e de informação foram sempre factores dinamizadores do bem-estar social e económico dos habitantes e dos vários actores de determinado local. Durante muitos anos, um dos principais problemas das regiões do interior do país foram as infra-estruturas físicas de comunicação, aliás, o que ainda se mantêm, infelizmente. Essas lacunas prejudicam gravemente o acesso ao conhecimento, fonte de qualquer tipo de inovação e de desenvolvimento. Nos últimos anos, a emergência nas tecnologias de informação e de comunicação (TIC) tem estimulado, de forma exponencial, o acesso a qualquer tipo de conhecimento, permitindo também a sua utilização para fins económicos e a sua difusão. Ou seja, as infra-estruturas imateriais têm compensado, aos poucos, os défices existentes ao nível das infra-estruturas físicas, principalmente nas regiões mais periféricas. Por exemplo, através da Internet, uma pessoa ou empresa do interior pode ter acesso à mesma informação e conhecimento (em tempo real) que alguém que habite numa grande cidade, mesmo que se localize noutro país. As TIC são uma enorme oportunidade de desenvolvimento económico e social, se devidamente utilizadas e direccionadas para a resolução de alguns dos problemas das regiões mais isoladas. Nos últimos anos, Portugal tem conhecido uma apreciável difusão das TIC (embora nem sempre de forma igual em todo o território) e, consequentemente, um melhor acesso à informação e ao conhecimento. Porém, torna-se necessário que as pessoas, as empresas e demais agentes económicos e sociais se habituem a elas e que as apropriem para as tarefas mais simples da vida quotidiana. A proliferação dos telemóveis, dos cartões Multibancos ou da Via-verde são bons exemplos da abertura dos portugueses às novas tecnologias, que trazem melhorias significativas no seu bem-estar social.
Recentemente, foram lançadas duas iniciativas de estímulo ao conhecimento que beneficiam as pessoas e as empresas das regiões do interior da mesma forma que as do litoral mais desenvolvido. Uma dessas iniciativas é a Biblioteca Online do Conhecimento (www.b-on.pt), que permite a qualquer investigador, professor, aluno ou cidadão comum que se encontre nas instalações de qualquer instituição de ensino superior ou de investigação, o acesso às principais publicações científicas mundiais. Ou seja, uma pessoa que se encontre na Universidade de Trás-os-Montes ou na da Beira Interior tem acesso ao mesmo conhecimento científico dessas publicações que aquelas que se encontram numa Universidade de Lisboa ou do Porto. O outro exemplo de medidas de estímulo ao conhecimento é dirigido às empresas. As inovações fazem-se com inovadores, isto é, com recursos humanos qualificados e preparados para a sociedade do conhecimento. Nesta perspectiva, é do maior interesse das empresas possuírem esse capital humano, no sentido de as tornar mais competitivas. Existem Bolsas de Inserção de Mestres e Doutores nas empresas, disponíveis para qualquer tipo de empresa em qualquer região do país (http://www.adi.pt/3420.htm). De igual forma, as Bolsas de Doutoramento em Empresas (http://www.adi.pt/3430.htm) são um incentivo interessante para a introdução de novo conhecimento nas empresas, acrescentando-lhes valor.
Em resumo, o facto das empresas e das pessoas habitarem em regiões economicamente desfavorecidas não invalida que aproveitem da melhor forma as oportunidades oferecidas pela sociedade da informação e do conhecimento, encontrando soluções para alguns dos seus problemas e colmatando algumas das suas deficiências estruturais.