O ex primeiro-ministro José Sócrates regressou hoje à sua terra natal, Alijó, para a apresentação da obra «humilde mas cheia de amor» escrita pelo seu pai Fernando Pinto de Sousa, Vilar de Maçada: passado e presente.

Com uma voz embargada, Sócrates fez um discurso emocionado de homenagem àquele que foi o último acto de Fernando Pinto de Sousa, que faleceu em Julho.

A apresentação do livro decorreu no salão nobre da Câmara de Alijó, que encheu com muitos amigos, conhecidos e colegas de partido de José Sócrates, que viajaram um pouco de todo o país para este concelho duriense.

Nas palavras do ex-governante do PS, Fernando Pinto de Sousa tinha um «profundo amor a Vilar de Maçada», terra Natal dos dois.

«Este livro é um gesto de amor. Amor ao conjunto, à terra, à paisagem, às pessoas. Amor, sobretudo, à sua família, aos seus pais, à sua memória», afirmou o ex primeiro-ministro na introdução do livro.

Em Vilar de Maçada: passado e presente, o pai de José Sócrates faz uma viagem pela história desta terra, localizada nas encostas do Douro, pelas suas gentes, solares e património religioso.

Fernando Pinto de Sousa soube transmitir o amor à terra aos seus filhos: «Eu e todos os meus irmãos crescemos não apenas com Vilar de Maçada no bilhete de identidade, mas também com a consciência de que ali é a nossa terra, que dali vínhamos, e que ali haveríamos sempre de voltar», referiu Sócrates no texto introdutório da obra.

O ex-primeiro-ministro recordou as viagens feitas mais tarde pela família da Covilhã, para onde se mudaram, para Alijó, e durante as quais ficou a conhecer o escritor Miguel Torga, tantas vezes citado pelo pai.

«Sim, devo a meu pai conhecer Miguel Torga e a ambos o amor que tenho a Trás-os-Montes», salientou.

Sócrates lembrou ainda a «batalha» de Fernando Pinto de Sousa «contra o esquecimento» e «desigualdade». «Profundamente transmontano detestava a injustiça como venerava a coragem», frisou.

Já na recta final da sua vida, Fernando Pinto de Sousa «correu a fazer este livro sobre a sua terra» e com o qual quis dizer que sentia «orgulho» de ser de Vilar de Maçada.

«Nos últimos tempos da sua vida nada lhe dava mais conforto do que apenas este sentimento: eu sei de onde sou e sei para onde virei. Também eu, neste momento, o que vos quero dizer é que nada dá mais tranquilidade ao meu espírito do que saber que sou daqui e saber que é para aqui que também virei», concluiu Sócrates.

Fernando Pinto de Sousa morreu em Julho no Hospital de Santo António, do Porto, a mesma unidade hospitalar aonde nasceu há 53 anos José Sócrates. Caiu ao descer uma escada e contraiu um traumatismo craniano que lhe foi fatal.

Arquitecto de profissão, o pai do ex-primeiro-ministro socialista foi cofundador do PSD na Covilhã e vereador eleito por aquele partido à Câmara local nas eleições autárquicas de 1985, tendo tomado posse a 3 de Janeiro de 1986.

Foi professor do Liceu da Covilhã e, enquanto arquitecto, foi responsável pela colocação da estátua em granito de homenagem a Pêro da Covilhã, localizada na Praça do Município daquela cidade.



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