Mais do que fazer obra, o independente que está à frente dos destinos da Câmara de Sabrosa, José Marques, quer projectar e internacionalizar o município, onde nasceram personalidades como Miguel Torga, Fernão de Magalhães ou Hermínio Monteiro, e com património histórico-cultural de grande valor, a começar pelos vestígios arqueológicos, um grande número de casas brasonadas e localidades históricas como Provesende e Celeirós.

José Marques foi eleito há um ano, como independente, e nunca esteve ligado a qualquer partido político. Venceu por pouco mais de 30 votos, sem ajuda de qualquer máquina político-partidária. Não se \"descose\" quanto a \"namoros\" para deixar de ser independente. Garante que a decisão \"passará sempre pela equipa e não por uma opção meramente pessoal. Sou independente, mas não estou sozinho\", refere.

Os seus opositores na Autarquia duvidam desta independência \"O vice-presidente da Câmara, Domingos Carvas, foi presidente da Junta de Freguesia de Sabrosa, pelo PSD, durante vários anos\", lembra o vereador \"laranja\" Adelino Teixeira.

O coronel Rodrigo Pizarro tem sido um dos maiores críticos de José Marques neste primeiro ano de mandato. O vereador do PS considera que o seu trabalho \"se resume a três «f» folclore, festas e fotografias. Até agora não vimos fazer rigorosamente mais nada\".

Adelino Teixeira, o primeiro dos dois vereadores do PSD, contrapõe que \"não é bem assim. Não se pode dizer que não fez nada. Fez algumas coisas, que nós já tínhamos previstas, lançadas, ou em fase de concurso\". Por isso aprovou o Orçamento de 2006 - \"Era uma cópia integral do nosso, não havia razão para votar contra. Agora, para 2007,vamos ver se surjem ideias e projectos novos para discutirmos\".

José Marques governa em minoria num cenário de dois independentes, dois sociais-democratas e um socialista, e uma maioria \"rosa\" na Assembleia Municipal. Garante que \"tudo se tem resolvido com diálogo e com todos os intervenientes a colocarem mais alto os interesses do município. Tenho encontrado por parte dos vereadores da oposição uma atitude positiva\", garante.

A maior dificuldade prende-se com \"a ausência de recursos financeiros num contexto de quadros comunitários fechados e o próximo ainda a ser preparado. Sabrosa é um município pobre, dependente de recursos externos, nomeadamente fundos comunitários e do poder central\".

A prioridade deste primeiro ano \"foi para obras que estavam em risco de perder financiamentos\", por causa dos prazos a aldeia vinhateira de Provesende, com uma comparticiapção do município de quase um milhão de euros; as ligações S. Romão/ /Paradelinha e Celeirós/Ponte do Passadouro; a rede de saneamento de Paradelinha e Paredes. \"Concluímos obras do anterior executivo, como a construção de 28 ETAR, resolvemos obras penduradas como o saneamento em Souto Maior, lançámos o arquivo municipal, a reabilitação do mercado e da zona envolvente\", diz o autarca.

Orçamento volta a descer e os apoios vão diminuir

O Orçamento da Autarquia baixou de 17 milhões de euros, em 2005, para 15, em 2006. Em 2007, voltará a baixar \"Não quero ter orçamentos com uma taxa de execução 20% ou 30%\". Com 130 funcionários, \"o dobro dos necessários\", ainda assim faltam técnicos qualificados como arquitectos ou economistas. Mas não há recursos financeiros: 68,3% da receita de 2005 foram gastos com compromissos assumidos e não pagos. \"Isto é insustentável\".

A Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Vila Real/Sabrosa vai sentir a penúria na pele. Em 2007 já não receberá o apoio directo de 30 mil euros. Marques prefere contratar os serviços da empresa de inserção que funciona com base na associação para prestar serviços de jardinagem e outros, e pagar por esse serviço.

A Misericórdia tem por receber mais de metade do que foi assumido pelo Executivo anterior, como apoio à construção da Unidade de Cuidados Continuados (190 mil euros em 2005 e outro tanto em 2006). Marques já avisou: \"Vou honrar os compromissos assumidos, mas não sei se haverá liquidez nos timings previstos\".

Talvez por isso, Fernando Freitas, provedor, considere que \"o anterior Executivo era mais generoso e cumpridor. Tinha expectativas mais elevadas\", refere. Mas José Marques está mais preocupado com a rede viária. \"A situação é tão má que receio que Sabrosa nunca terá capacidade para resolvê-la\".



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