Segundo o autor do livro "Os Frescos da Senhora da Teixeira", que, além de 42 páginas escritas inclui 30 preenchidas com 74 figuras, umas alusivas a frescos da capela com aquele nome e outras às presumíveis fontes que o inspiraram, situadas em Itália, o ermitério "é uma construção singela, rectangular, coberta por abóbada de berço e rematada no topo anterior por uma galilé". Na sua perspectiva, esta "originalidade deve-se ao conjunto de frescos do último quartel do século XVI que recobre quase inteiramente a sua superfície interior bem como as partes superiores da galilé". Eugénio Cavalheiro pensa que o seu autor terá sido "um pintor local, com razoável conhecimento do seu ofício, mas também com certa familiaridade em relação à arte religiosa do seu tempo, não só por meio da observação das gravuras, o grande veículo de expansão do imaginário tridentino e maneirista, como, possivelmente, por conhecimento in loco das capelas italianas decoradas de frescos e talvez da obra de El Greco em Toledo".

Considera o autor do livro que "é este conjunto de singularidades, possivelmente únicas na pintura maneirista portuguesa, que concedem a esta capela o seu considerável interesse, embora também levantem não poucas interrogações sobre a sua origem e sobre a identidade do pintor responsável pela sua decoração a fresco".

Só que, em seu entender, " infelizmente, o estado deplorável em que os frescos se encontram, fruto de séculos de incúria, mas também de eventuais acções de vandalismo, não irão permitir durante muito mais tempo a sua precária observação, negando assim, para todo e sempre, a possibilidade de resolver os vários enigmas que encerram". Assim, "caso não se proceda urgentemente a um consciencioso trabalho de restauro", conclui Eugénio Cavalheiro, "será inevitável a sua rápida destruição".

Durante a sessão dedicada à apresentação do livro, realizada na Câmara de Moncorvo, o autarca Aires Ferreira, referiu que o acto, não só "dignifica a comemoração do 25 de Abril, mas enriquece também o património do concelho". Considera, por outro lado, que "este estudo coloca sobre a mesa várias questões importantes que justificam o debate sobre o tema".

Em primeiro lugar, o autarca "gostaria que o Ippar cumprisse com as suas atribuições", situação que reconhece não se ter vindo a verificar relativamente à recuperação dos frescos da capela da Senhora da Teixeira. De facto, acrescenta o autarca, quando o município colocou o problema àquele organismo, este respondeu que "o Instituto José Figueira estaria na disposição de recuperar os frescos se a Câmara Municipal pagasse a ligação da energia eléctrica".



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