A Associação Terras Quentes identificou, em Freixo de Espada à Cinta, uma importante peça de arte sacra. Trata-se de um retábulo quinhentista, que se presume ter sido pintado na segunda metade do século XVI.

A obra integra uma singular pintura a óleo, em madeira de carvalho, com uma cena do Pentecostes. A peça de arte foi encontrada no âmbito de um trabalho de inventário de arte sacra levado a efeito na região transmontana e promovido pela diocese Bragança - Miranda.

\"O achado foi feito na sacristia da capela de Santo António em Freixo de Espada à Cinta. O painel encontrava-se em mau estado de conservação, contudo, a equipa de técnicos da Associação Terras Quentes conseguiu descobrir o autor do trabalho\", revelou, ao \"Jornal de Notícias\", Vítor Serrão, investigador e docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

O autor do trabalho é António Leitão, sendo uma das muitas obras do gótico espalhadas pela região transmontana.

\"Este painel tem um valor significativo porque se trata de uma pintura de elevada qualidade iconográfica no tratamento do tema do Pentecostes. O trabalho tem um valor acrescido, já que se trata de um pintor bastante enigmático,\" acrescentou o investigador. António Leitão nasceu em Castelo Bom, na Beira Alta, por volta de 1530, e, ao que se supõe, terá falecido em Miranda do Douro.

O artista teve uma formação superior, já que foi educado junto da Infanta Dona Maria, que o mandou para Roma, em Itália, para aprender pintura. Posteriormente, viveu em Antuérpia, na Bélgica.

Aos 30 anos, deslocou-se para a região raiana, tendo deixado obra em Pinhel, Lamego e Vila Nova de Foz CÎa.

\"O quadro alusivo ao Pentecostes ostenta, ainda, a sua primitiva estrutura e mostra, a par de especificidades de estilo cromático, uma inesperada largueza em termos de composição. Em torno da Virgem Maria, ladeada por São Pedro, surgem mais de 28 figuras dentro de um espaço clássico da planta do Panteão de Roma\", explicou Vítor Serrão.

No entanto, e dada a sua riqueza arquitectónica, estas descobertos começam a colocar no mapa cultural nacional a região de Trás--os-Montes e Beira Alta, dada a qualidade das peças de arte sacra já inventariadas pela Associação Terras Quentes.



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