As obras no castelo de Montalegre estão a gerar polémica, com um movimento a criticar a intervenção, enquanto a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) e o município garantem que o projeto cumpre "todos os normativos legais".

O castelo de Montalegre, no distrito de Vila Real, é um monumento nacional que está a ser alvo de intervenções inseridas na Operação Castelos a Norte, lançada pela DRCN e executada pela câmara municipal, que assegura também a comparticipação nacional.

Pedro Alves, residente em Lisboa e um dos administradores do blogue "Repensando a Idade Média", é uma das vozes críticas às obras de restauro do castelo, que começaram há quatro meses, e disse hoje que a intervenção "está a ser danosa" para o património histórico.

"Não estão a aplicar material original, é betão armado. Além do problema estético, temos o problema de, se se quiser reverter as obras, é muito difícil e pode vir a afetar a estrutura do monumento", afirmou à agência Lusa.

Pedro Alves defendeu que a obra deve ser "imediatamente parada e revertida", que os "elementos intrusivos devem ser retirados" e que o castelo deve "ser reabilitado de acordo com as melhores práticas da Carta de Veneza, ou seja, usando material original, no caso granito, mantendo a integridade e a homogeneidade do monumento".

Disse ainda que já contactou o Ministério Público, a quem expôs esta situação.

As críticas às obras fazem-se essencialmente nas redes sociais e, para explicar o projeto, o município e a DRCN realizaram, no final de novembro, uma sessão de esclarecimentos.

"Este alarido não faz sentido, o castelo obedece a um projeto concebido por uma equipa técnica qualificada que cumpre com as diretivas internacionais e as convenções, nomeadamente a Convenção de Veneza", afirmou o presidente da Câmara de Montalegre, Orlando Alves.

O autarca frisou que o projeto "passou pelo filtro do Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR)" e referiu que, "em vários outros monumentos nacionais, se incorporaram materiais da modernidade casando-os com os originais".

Orlando Alves garantiu que o castelo de Montalegre "vai ser um bom exemplo de recuperação do património", o qual vai ter "orgulho" de inaugurar "lá para junho", reabrindo um monumento que estava fechado ao público.

"Neste momento há uma agitação que é sobretudo política", afirmou o presidente.

Contactada pela agência Lusa, a DRCN afirmou que o "projeto de revitalização do castelo de Montalegre cumpre todos os normativos legais conducentes à sua aprovação".

A fonte acrescentou ainda que a DRCN está presente nas reuniões de obra semanais, "a fim de verificar a sua execução conforme os termos do projeto aprovado e solicitar as correções que, eventualmente, se verifiquem".

O castelo de Montalegre foi classificado como Monumento Nacional em 1910 e é uma das fortificações medievais mais bem conservadas do Norte de Portugal.

Situado no centro da vila, apresenta três torres adossadas à muralha e a praça de armas funciona como sala de visitas do município onde se realizam espetáculos, eventos e reuniões com destaque para a sexta-feira 13.

A Operação Castelos a Norte inclui ainda intervenções nos castelos de Monforte de Rio Livre (Chaves), Outeiro (Bragança), Mogadouro e Miranda do Douro e é cofinanciada pelo Programa Norte 2020.



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