Vida, Obra e Pensamento de Abade de Baçal, revitalizados em Congresso que celebra os 150 anos do seu nascimento e os 100 anos do museu com o seu nome.

A capital do Nordeste teve o desígnio de ser a anfitriã de uma iniciativa dedicada, inteira e exclusivamente, a um importante vulto da história transmontana caraterizado por uma dimensão não só regional, mas também nacional. Francisco Manuel Alves, mais conhecido por Abade de Baçal, 150 anos após o seu nascimento, e um século após a criação do espaço museológico com o seu nome, foi homenageado nos dias 13 e 14 de novembro com uma série de comemorações que se irão estender ao longo do próximo ano.
A inaugurar este ciclo de consagração desta incontornável figura nordestina, esteve o Congresso intitulado “Vida, Obra e Pensamento de Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal”, que decorreu no Auditório Paulo Quintela, em Bragança. A abertura da sessão solene teve lugar pelas 9:30 da passada sexta-feira e foi presidida por D. José Manuel Cordeiro. “Esta iniciativa é muito significativa pois mostra as qualidades humanas, pessoais, cristãs e interessa de um modo especial relevar que essa mesma pessoa teve uma ação preponderante na cultura, no património e na construção de uma identidade mais esclarecida, mais sistemática, mais convicta deste nordeste transmontano ao qual nós pertencemos”, exprime o Bispo de Bragança-Miranda, que sublinha ainda a “humildade” que o Abade de Baçal “cultivou com as suas raízes, a sua gente, a sua aldeia, com a igreja e a todos os lugares onde foi chamado a servir”.
Luís Amaral, um dos conferencistas neste Congresso, realça a dimensão regional e nacional do Abade de Baçal, mas também uma dimensão que “está para lá das fronteiras portuguesas”. “É verdade que muito daquilo que ele fez está ultrapassado, como é próprio destas áreas de conhecimento, mas o exemplo, a forma de estar, de fazer, de ser, de querer mostrar e revelar e valorizar o seu tempo através do conhecimento passado isso é um testemunho que não tem tempo, que vale para todos os tempos”, defende o professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Para Luís Amaral, o grande mérito deste congresso é, precisamente, o de dar a conhecer a imensa obra do Abade. “Este congresso tem esta importante função de revitalizar a pessoa e o exemplo do Abade de Baçal. Ele que não era nada dado a grandes formalismos, nem a honras, nem glórias, merece bem este reconhecimento mais generalizado”, conclui.
Durante este colóquio, surgiram novas abordagens sobre a vida e obra de Francisco Manuel Alves, que era o que se pretendia. Mas, de acordo com o presidente da comissão organizadora, algumas das premissas desta iniciativa não foram, de todo, alcançadas. “Nós queríamos fazer um vídeo sobre a vida do Abade e concursos para premiar jovens das escolas. Essa era a nossa intenção. Sobretudo, transmitir o exemplo do Abade aos jovens do ensino secundário”, confessa José Manuel Pavão. Nas palavras do principal responsável, “não terá sido por falta de tempo, nem por falta de meios, foi um pouco por falta de organização”.
Já mais para o final da tarde e depois de um dia repleto de palestras ministradas por oradores de referência no âmbito da vida e obra do Abade de Baçal, entre os quais Adérito Branco, Adriano Rodrigues e Joaquim Pais de Brito, foram inauguradas três exposições: “Pintores e Arquitetos nos palcos portugueses”, “Flor na Pele” e “Vocacionados à Santidade”.
Seguiu-se um jantar convívio entre todos os oradores, participantes e organização num conhecido restaurante da cidade e a noite só de deu por encerrada após um concerto no Conservatório de Música de Bragança que serviu como digestivo. O congresso terminou no dia seguinte, sábado, à hora de almoço, com a sessão solene de encerramento a ser presidida por Sobrinho Teixeira, presidente do Instituto Politécnico de Bragança.
 



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