A maior empresa de minas do mundo quer investir cerca de mil milhões de euros na exploração de ferro em Portugal. O projecto dos australianos da Rio Tinto será realizado nas minas de Torre de Moncorvo, em Trás-os-Montes.

Este é um dos maiores depósitos de minério de ferro da Europa, com recursos medidos e indicados de 552 milhões de toneladas de minério e recursos inferidos de mil milhões de toneladas.

O investimento está a ser negociado entre o Governo, a empresa que detém a concessão da mina até 2070, a MTI - Minning Technology Investments, e a Rio Tinto, disse fonte próxima das negociações à agência Lusa. O semanário «Sol» fala num «investimento-gigante» com outro montante em causa: 3,5 mil milhões de euros.

O Ministério da Economia confirma oficialmente que está «a desenvolver negociações com uma das maiores empresas do mundo para um grande investimento no sector mineiro em Portugal», sem, no entanto, avançar qualquer dado sobre o assunto.

Projecto cria 400 postos de trabalho

Álvaro Santos Pereira já tinha anunciado no final de Setembro que existia uma multinacional que pretendia fazer um grande investimento em Portugal, escusando-se na altura a avançar com detalhes.

O investimento vai permitir, numa primeira fase, a criação de 420 novos postos de trabalho directos e cerca de 800 indirectos, bem como a criação de um pólo de investigação e desenvolvimento no Nordeste Transmontano, com parcerias com instituições locais e internacionais.

Este projecto criará, segundo a MTI, «um novo mercado de exportação da economia portuguesa» e a «valorização e rentabilização da linha ferroviária do Douro e da navegabilidade do Douro».

Sindicato aplaude investimento

A possibilidade de as minas de ferro de Torres de Moncorvo voltarem a ser exploradas agrada ao Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineir: «Um recurso mineral tão importante como este, tão importante para a economia nacional e para a criação de postos de trabalho é uma contribuição decisiva para ajudar a ultrapassar este momento muito crítico da vida nacional», disse à Lusa José Maria Isidoro, da direcção do sindicato.

Caso o investimento avance, a exploração dará «para as necessidades do país e ainda para exportar». «As minas de ferro de Moncorvo são umas minas encerradas há muitos anos, onde existem milhares de toneladas de ferro bruto por explorar».

Vila transforma-se em «autêntica cidade»

Fontes ligadas às empresas referem que, caso as negociações com a Rio Tinto cheguem a bom porto, o investimento vai permitir que a pequena vila transmontana receba «uma autêntica cidade, porque é preciso fazer tudo desde o início», e será provável que o investimento demore cerca de 10 anos a concretizar até que comece a laborar.

Este é um investimento que já estaria a ser negociado pelo anterior Governo, mas que agora deu um passo em frente após o reforço do interesse da Rio Tinto.

O site da MTI adianta que os direitos de prospecção e pesquisa foram obtidos através de um contrato assinado com o Governo em 2008, mas a atribuição da concessão de exploração das minas só aconteceu em 5 de Janeiro deste ano, «assegurando à MTI os direitos de exploração das Minas de Ferro de Moncorvo até 2070».

A MTI encetou conversações com a Rio Tinto para se tornar parceira maioritária no projecto, que, numa primeira fase, vai explorar a Mina da Mua, com reservas medidas e indicadas de 120 milhões de toneladas.

Segundo o site da empresa, o projecto tem «reduzidos constrangimentos ambientais», «proximidade dos portos atlânticos de Aveiro e Leixões», «apoio institucional das autoridades nacionais, regionais e locais» e «disponibilidade total e imediata de água, energia, infraestrutura e capacidade de escoamento».

Fonte oficial da Rio Tinto contactada pela Lusa em Londres escusou-se a confirmar ou desmentir a informação, afirmando que a empresa não comenta «rumores».



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