No total foram cinco adjuntos do director clínico do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro que se demitiram em bloco.

Os cinco adjuntos do director clínico do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro afirmaram esta quarta-feira que se demitiram em bloco em Outubro "por divergências profundas com o rumo de acontecimentos no hospital", discordâncias que "se foram agravando".

Os cinco clínicos foram dar explicações aos deputados da Comissão de Saúde na Assembleia da República (AR) sobre quais os motivos que levaram à demissão em bloco enquanto adjuntos do director clínico do centro hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), seis meses depois de aceitarem o cargo.

Manuel Cunha, um dos médicos, explicou aos deputados que o que lhes tinha sido "proposto e prometido" pelo conselho de administração sobre o projecto para o centro hospitalar não se concretizou.

O clínico destacou que os adjuntos verificaram sobretudo "falta de respeito pelas carreiras, pelas hierarquias e deontologia médicas", incluindo substituição de directores de serviço sem conhecimento da equipa que acabou por se demitir.

Manuel Cunha realçou que a situação se foi degradando progressivamente e, quando foram pedidas explicações, quer a administração quer o director clínico "consideraram que não tinham nada a esclarecer", pelo que se demitiram a 10 de Outubro "por divergências profundas com o rumo de acontecimentos no hospital".

O médico adiantou ainda que os acontecimentos continuaram a "agravar-se" já depois das demissões, pelo que lançaram um abaixo-assinado, que entregaram na Assembleia da República, com a assinatura "de cerca de 75% dos assistentes graduados e assistentes graduados seniores", entre os quais 20 dos 26 directores de serviço.

O abaixo-assinado "é uma posição de condenação por no hospital todos os níveis de chefia estarem sistematicamente a ser substituídos por médicos que não têm graduação devida para desempenhar aquelas funções", explicou Manuel Cunha. "Há aqui uma inversão das hierarquias que nos confunde e que tem uma questão essencial: ou o conselho de administração não encontra nos médicos mais graduados apoio para a sua missão ou quer deliberadamente ter à frente dos departamentos médicos sem peso institucional", considerou, realçando que, mesmo depois da demissão dos cinco médicos, "havia muitos mais médicos disponíveis para serem da direcção, com currículo suficiente".

O CHTMAD inclui os hospitais de Vila Real, Lamego, Chaves, um polo em Vila Pouca e um na Régua, que actualmente está fechado.

Em Outubro, os cinco adjuntos da direcção clínica do CHTMAD, com sede social em Vila Real, apresentaram a demissão deste cargo, sem terem explicado publicamente as razões que estiveram na base desta tomada de decisão.

Em Novembro, a Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos iniciou uma investigação ao caso.

Miguel Guimarães, presidente da Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos, considerou que "a situação de Vila Real é, neste momento, crítica" e salientou que "a intervenção que está a ser utilizada para tentar resolver a situação está a ser sem a colaboração dos profissionais de saúde de Vila Real e isto está a causar perturbações grandes dentro do hospital

Este é, segundo o responsável, um problema "que se arrasta já há alguns anos" e que "o poder político não tem sido capaz de resolver".

Desde Outubro, também pediram a demissão dos cargos os directores dos serviços de cirurgia, anestesiologia e imagiologia.

O conselho de administração do CHTMAD informou, em Novembro, já ter nomeado os novos adjuntos da direcção clínica.



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