«Só quando passamos pelas coisas nos apercebemos dos problemas, percebemos que há tantas falhas no apoio às crianças queimadas», diz Adriana Soares, mãe de um menino vítima de queimaduras graves na maior parte do corpo.

Há cerca de um ano que Luís, 7 anos, residente em Carviçais (Torre de Moncorvo), sofreu queimaduras de primeiro grau quando acendia um fogareiro, que decidiu activar quando se encontrava em casa com um primo. Supostamente não deviam estar sozinhos. Foi um acidente trágico. Após o transporte de ambulância para o Porto, foi transferido para um hospital de Lisboa, onde esteve sete meses nos cuidados intensivos, em risco de vida. Foi e vai continuar a ser submetido a cirurgias. Diariamente, desloca-se de ambulância a Macedo de Cavaleiros para fazer fisioterapia. A família aguarda com ansiedade a abertura de um serviço de Fisioterapia em Moncorvo. \"A viagem é saturante, a Nacional 102 é cheia de curvas, às vezes o Luís não quer ir só por causa da viagem\", afirmou Adriana Soares.

Os tratamentos são difíceis, mas a coragem do Luís é grande. A família, constituída por quatro pessoas, não tem grandes apoios para acudir às necessidades da criança. Só o pai trabalha. A mãe deixou o emprego após o acidente, para cuidar do filho. Recebe cerca de 200 euros de baixa médica, mais 50 euros do abono por deficiência. O dinheiro não chega para os produtos de que precisa todos os dias e não são comparticipados, como cremes, protectores solares, e ligaduras compressivas. As placas de silicone para usar nas cicatrizes custam 123 euros. Precisa de três por mês, mas a família só pode comprar uma.

\"Há muitos com este problema, eu vi muitos queimados no hospital, 80% são crianças, apesar de não existir uma unidade de queimados para eles\", lembrou a mãe.



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