Após o sucesso alcançado nas primeiras Jornadas de Cunicultura, levadas a cabo em Novembro de 2000, a Associação Portuguesa dos Engenheiros Zootécnicos decidiu repetir a experiência nos passados dias 11 e 12. O principal objectivo deste encontro, de carácter técnico, aplicado à realidade, passou pela abordagem das questões \"mais relevantes\" da cunicultura ao nível da produção, comercialização e competitividade. Para tal, contou com diversos participantes, não só nacionais, como espanhóis.

Entre as décadas de 70 e 80, foi incentivada a produção de carne de todo o tipo. Foi também nesta altura que a produção de coelho atingiu o seu pico mais alto. Mas nos últimos anos a tendência inverteu-se e a produção de coelhos em Portugal tem agora de competir com os preços mais baixos do mercado espanhol.

\"A cunicultura está em crise\", lamenta Álvaro Herdade, da Associação Portuguesa de Cunicultores. Segundo ele, existem várias as razões que explicam a actual situação da produção de coelho no nosso país, como a descida do consumo desta carne e a competitividade da carne espanhola, vendida a preços mais baixos.

Álvaro Herdade pensa que \"é complicado superar esta crise\", mas acredita que isso \"será possível\". \"Teremos de ajustar os nossos preços aos preços dos outros países, porque nós também temos a possibilidade de baixar os nossos custos de produção\", defende o cunicultor. No entanto, Álvaro Herdade diz que, para isso, \"será necessário uma ajuda por parte do Governo, como acontece em vários países\". Para além disso, defende a adaptação da carne de coelho à necessidade actual dos consumidores, em pedaços pequenos, como já acontece na França e noutros países.

Segundo Álvaro Herdade, o facto da cunicultura em Portugal contar com jovens empresários poderá tornar o panorama da produção de coelho \"mais risonho\" no futuro.

Retrato da cunicultura transmontana

Entre Junho e Setembro deste ano, a Associação Portuguesa dos Engenheiros Zootécnicos realizou inquéritos entre os cunicultores que exercem a sua actividade nos distritos de Vila Real e Bragança. Os resultados foram apresentados nestas segundas Jornadas de Cunicultura por Vítor Pinheiro, professor da Universidade de Vila Real.

Em Portugal existem cerca de 100.800 explorações. 34 situam-se neste dois distritos transmontanos e produzem cerca de duas mil toneladas de coelho vivo por ano. Montalegre é o concelho que maior número de cuniculturas alberga: 17,6 por cento das explorações. Contudo, no concelho de Vila Pouca de Aguiar são exploradas cerca de 20 por cento de fêmeas, seguindo-se Mirandela, com 11,2 por cento. Vila Real, com 23 explorações, é o distrito que mais cuniculturas regista.

A exploração predominante tem entre 300 a 500 ninhos, é do tipo semi ar livre, consome três a quatro tipos diferentes de alimento, utiliza a inseminação artificial (cerca de 88 por cento das explorações) e faz a substituição do efectivo a partir das avós, instaladas na própria exploração.

A maioria dos empresários dos distritos de Bragança e Vila Real que se dedicam à cunicultura têm entre 30 a 40 anos e neste inquérito apontaram uma taxa real de partos que ronda os 77,7 por cento e a venda anual de 131 quilos de coelhos vivos por jaula de fêmea.

Apesar da crise que se constatou estar instalada neste sector, cerca de 65 por cento dos inquiridos mostraram-se \"satisfeitos\" e pretendem continuar com a actividade. 23 por cento demonstraram mesmo interesse em aumentar o efectivo.



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