Perto de uma centena de pessoas, entre bombeiros, escuteiros e sociedade civil, manifestaram-se silenciosamente na capital de distrito contra os incêndios que grassaram por todo o país.  

 

A Praça da Sé serviu, simultaneamente, de ponto de encontro e de ponto de saída para os manifestantes que decidiram demonstrar pública e pacificamente o seu descontentamento perante a tragédia dos incêndios que este ano tem assolado o país de norte a sul.

“É altura de nos unirmos. O país está de rastos com mais uma vaga de incêndios. Queremos ver mudança nas políticas de prevenção! Junta-te a nós nesta demonstração pública pacífica. O futuro começa agora”, podia ler-se no apelo que invadiu as redes sociais, nomeadamente, o Facebook, uma semana antes da manifestação ter lugar e através de um evento criado propositadamente para o efeito. No mesmo comunicado, podia ler-se, no final, que este era um “Protesto civil e apartidário”.

Pouco a pouco as pessoas foram chegando e, por volta das 16h30, já quase uma centena de adultos e crianças marcava presença no centro da cidade de Bragança. Os escuteiros do Agrupamento XVIII e cinco bombeiros a representarem a corporação uniram esforços em apoio à causa, mostrando, mais uma vez, o compromisso, a solidariedade e o espírito de missão que os carateriza.

“Esta é uma ação individual de um grupo de pessoas que decidiu, por si, avançar com esta manifestação, ao contrário de algumas manifestações que estão a decorrer no país que têm algum cariz político, esta não tem nada a ver com isso”, começou por garantir um dos elementos da organização, Paulo Mafra. Isto porque, sábado, dia 21 de outubro, decorreram em várias cidades portuguesas manifestações do género, sendo que muitas, segundo consta, foram levadas a cabo pela oposição do XXI Governo Constitucional. “Eu fui informado que algumas manifestações estão a ser conotadas politicamente e nós longe disso. Apenas pedimos às pessoas que se viessem manifestar, saíssem de casa, viessem para a rua manifestar emoções e sentimentos acerca do que está a acontecer”, reiterou o responsável, que fez questão de frisar que identificou “pessoas de vários quadrantes políticos e isso é a prova de que não há qualquer partidarismo nisto”.  

O Diário de Trás-os-Montes entrevistou, depois, o chefe do Agrupamento XVIII dos Escuteiros de Bragança, que afirmou a importância singular deste tipo de manifestações. “Enquanto cidadãos interventivos na sociedade, nós entendemos acima de tudo vir prestar a nossa homenagem, em primeiro lugar, a todas a vítimas deste descalabro, mas também, e é esse o motivo maior da nossa presença aqui, trazer um sinal de esperança de que juntos podemos ultrapassar este momento difícil na nossa vida nacional”, comentou Miguel Salgado, chefe de um dos agrupamentos mais antigos do país, fundado em 1924.

Para a ocasião, os escuteiros decidiram deixar a sua marca e dar o seu contributo, oferecendo a cada um dos presentes uma mensagem e um símbolo fruto de esperança do mundo natural. “Decidimos trazer uma bolota com uma mensagem que tem o nosso 6º artigo da lei: “O escuta protege as plantas e os animais”, para entregar às pessoas que aqui se encontram para que possam, eventualmente, semeá-la e ela possa dar um novo carvalho ou para que possam com isso encontrar um meio para uma mudança de atitude de cada um em particular”, explicou o chefe que, atualmente, no seu agrupamento, conta com 111 escutas ativos. “Um ato simbólico, mas com muito poder. Pois aqui dentro está uma semente que dá uma nova vida”, sustentou Miguel Salgado.

A representar os Bombeiros Voluntários de Bragança, veio uma equipa de cinco elementos. “É uma sensibilização em prol das nossas florestas, dos bens pessoais e das próprias pessoas”, comentou o subchefe José Paulo, para quem a tragédia atroz dos incêndios foi vista “com lágrimas, tristeza e uma enorme força e vontade de ajudar”.

Presente na manifestação esteve Hernâni Dias, que manifestou o seu apoio e solidariedade aos bombeiros e às mais de 100 vítimas mortais dos incêndios que dizimaram florestas, bens e populações. “Não estou aqui como presidente de câmara, mas quis juntar a minha presença a este movimento, no sentido de prestar homenagem aos bombeiros e às pessoas que, infelizmente, já não se encontram entre nós, vítimas desta terrível situação provocada pelos incêndios a nível nacional”, declarou, na qualidade de cidadão, defendendo, ainda, “que deve ser feito tudo o que é possível para que tragédias destas não voltem a acontecer”.

 

 


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